sábado, 5 de novembro de 2011

A atuação do profissional de Enfermagem

Nas últimas semanas a imprensa tem mostrado, através de reportagens, erros cometidos pelos profissionais de Enfermagem no nosso país. Esse tipo de repercussão é preocupante tanto para os profissionais que chegaram recentemente ao mercado de trabalho, quanto para aqueles que atuam há mais tempo. Dentro
dessa discussão sobre as falhas de alguns profissionais no exercício de suas atividades, fica evidente que a negligência é apontada como um dos fatores que mais ocasionam esses erros. Entretanto, é importante refletirmos sobre os fatos e as circunstâncias na qual o profissional de Enfermagem está inserido. Existem dezenas de fatores que comprometem, e muito, a qualidade das atividades desempenhadas pelos profissionais da saúde de uma maneira geral.

Especificamente no caso da categoria, a Enfermagem, o perfil de atuação é muito próximo ao paciente. Somos nós quem cuidamos de todas as etapas do tratamento e isso representa uma atenção e um cuidado muito maior. Para tanto, necessitamos de condições adequadas, em sentido amplo, para o desenvolvimento do nosso papel.- Quem vivencia o cotidiano da Enfermagem entende que, antes mesmo de acontecer os erros, há muitas causas que os explicam. Durante tantos anos de trabalho, o que sempre vemos são enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem submetidos a uma rotina estafante que inclui uma longa jornada de trabalho, profissionais extenuados, excesso de pacientes por profissional, péssimas condições de trabalho, má remuneração, além da constante falta de materiais indispensáveis às atividades, entre outros.

Esses são apenas alguns dos graves problemas que rondam diariamente nossa categoria profissional. Somado a isso, ainda há ainda a gravíssima questão das pessoas que realizam atividades para as quais não estão qualificadas. Neste ponto nós, do Sistema Cofen/Corens, atuamos de forma sistemática fazendo a fiscalização e exigindo o exercício legal da profissão de enfermagem. Outro ponto que também destacamos é que, rotineiramente, os profissionais de Enfermagem acabam sendo obrigados a exercer atividades que não são de sua competência porque a instituição na qual trabalham não dispõe de uma equipe de saúde completa. Alguns profissionais não cumprem sua jornada de trabalho, contando com a anuência dos gestores. Assim, em momentos de risco, muitos acabam por desenvolver funções para a qual não estão habilitados legalmente.

Os problemas mostrados na TV e nos jornais são apenas a superfície de uma situação muito mais complexa. É preciso saber que, antes mesmo que apareçam as reportagens tratando da negligência e do despreparo da classe, esses profissionais, muitas vezes, sequer tem o direito de se qualificar e se atualizar para desempenhar seu papel de maneira adequada; visto que não são liberados para fazerem cursos de atualização oferecidos no mercado ou promovidos pelas entidades de classe.Após observar todos esses aspectos a respeito do atual momento da Enfermagem no país, é que se evidencia a necessidade da aprovação do Projeto de Lei 2.295/00 que versa sobre a jornada de trabalho dos profissionais da Enfermagem. De acordo com o PL, a categoria passaria a trabalhar obedecendo a uma jornada de 30h semanais.

Com essa aprovação, o ganho de enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem seria extensivo à população. Os profissionais ganhariam mais qualidade de vida, mais tempo para se qualificar, entre outros benefícios, enquanto a população receberia um atendimento de maior qualidade. Nós, profissionais de Enfermagem, sabemos da importância do nosso papel para o sistema de saúde brasileiro e nos esforçamos para que tudo seja feito de forma ética e comprometida com o nosso ideal de atuação que é cuidar com conhecimento adequado e zelo para salvar vidas.




DRA. FÁTIMA SAMPAIO
PRESIDENTE DO COREN-P


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