domingo, 6 de novembro de 2011

Uma educação pouco acolhedora


Que saudades dos velhos tempos de escola pública, que dentro de suas limitações, conseguiu formar muita gente, embora sem o conforto da sala de aula com ar-condicionado ou com a disponibilização de tantos recursos (livro didático, tarefas copiadas no papel, quadro acrílico, data show, computador e tantos mais). Em tempos atrás, se não chegasse cedo à escola, sentava no chão, porque não tinha carteira escolar pra todos. E como éramos apaixonados pela nossa professora primária... Os abraços carinhosos cheios de ternura e de verdadeira amizade.
 
O que foi feito com os nossos professores? Alguns chegam e saem da sala de aula de cara amarrada, sequer um sorriso faz com que eles quebrem a barreira professoraluno. Com certeza, essa não é uma referência que cabe a todos. Ainda temos alunos apaixonados e professores dedicados, porém não muito felizes. Mas como estar satisfeitos? Se a realidade da escola condiciona professores a lidarem com situações tão adversas: alunos agressivos e desmotivados, condições que se somam à remuneração baixa, sem um plano de saúde decente nem um transporte de qualidade, um cinema ou outra diversão aos fins de semana, ou até comprar um bom livro.  

A situação da escola é um reflexo da situação do aluno ou do professor, apenas? E as famílias? Como nós éramos educados em casa? Como estão sendo educadas as nossas crianças, hoje? Recentemente, em pesquisa realizada com professores numa escola urbana de Teresina, quando procuramos saber o que era necessário fazer para que a escola cumprisse melhor o seu papel de educar, dentre outras necessidades,
40% dos pesquisados disseram que é preciso que as famílias participem mais da vida escolar de seus filhos. Este sentimento coletivo também está expresso na lei de Diretrizes e base para a educação nacional: A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício na cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Art. 2º - Lei nº. 9.394/96).  

O que será que está acontecendo com as famílias modernas? Estão os pais e mães tão ocupados com outros afazeres que deixaram a educação de seus filhos a cargo apenas da escola? Ou as famílias de hoje não sabem qual é o seu papel na educação de seus filhos? Na verdade, família e escola precisam trilhar juntos o caminho da educação. Pais e mães, abandonem seus afazeres, mas não abandonem seus filhos! O futuro de nossas crianças precisa ser escrito com responsabilidade e compromisso de todos.  

Se os pais e mães não se importarem com seus filhos, a escola vai tomar de conta sozinha? A escola é um espaço de educação, por excelência. Deve ensinar a ler, a escrever e a contar; impulsionar a leitura de mundo e a apropriação do conhecimento sistematizado; e estimular a participação consciente na sociedade e formar cidadãos. Mas a lição de cidadania não é exclusividade da escola. Uma família que se preocupa com seus filhos, lhes dá exemplo de vida e que abraça com carinho, impõe respeito e educa.

Ensinar e vivenciar valores sociais como o respeito, a responsabilidade, a solidariedade, a justiça, dentre outros, é imprescindível para a formação do caráter. É preciso aprendê-los na convivência, no dia a dia. A escola precisa ser a caixa de ressonância desses valores, firmando-os e reafirmando-os no processo educacional. A família é a base para esta formação, é pelo exemplo diário e vivo das relações familiares, que as crianças aprendem e firmam suas atitudes em relação aos outros. É no convívio familiar que estas relações
se ampliam ganhando dimensões em outros espaços de convivência, dentre eles, a escola, que por sua vez, precisa, de fato, contribuir para a formação de cidadãos conscientes e capazes de agir na sua realidade e transformar o mundo.



ROSÂNGELA RIBEIRO DE CARVALHO
PROFESSORA  

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