segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Um poeta na medida do impossível


O poeta é a mãe das artes e das artimanhas em geral. O poeta que é louco, muito louco com asas de avião. Alô, idiotas! Esse poeta não se fez [somente] com versos. Foi poeta, letrista, jornalista, cineasta, ator, etc.,
e eu sei que a vida vale a pena. Para ele poetar era simples, mas não aqueles que declamam versinhos sorridentes. Poetar, pois, segundo a prova dos noves, é inventar o perigo e estar sempre recriando as dificuldades, é destruir a linguagem e explodir junto com ela. Só assim será poeta como esse foi.

Esse poeta nasceu feito, assim como dois mais dois eu sei que a vida vale a pena. Nasceu quando o anjo, que não era o do Drummond, disse: eu brasileiro confesso, minha culpa, meu pecado! Veio de Teresina, onde as palmeiras sopram um vento forte que tem fome e muito medo da morte. Louvou aquilo que bem
mereceu e o Cinema Novo deixando de lado.

Quem é que lê Shakespeare aos 11 anos de idade? Torquato Neto! Homem que deu trabalho até na hora de nascer e depois foi criando e recriando. Nascido na sua Tristeresina, mas a partir dos 16 anos vira homem do mundo. Deixa a cidade natal a fim de estudar em Salvador. Conhece Caetano, Gilberto Gil, Glauber Rocha, e quiçá daí nasce o Tropicalismo.

O Rio de Janeiro continua lindo... depois de Salvador, a cidade maravilhosa torna-se seu destino visando o Itamarati, mas o que queria ser mesmo era ser jornalista. Entra no curso de jornalismo na Universidade do
Brasil (UFRJ) e para na Geléia Geral do Última Hora.


Torquato Pereira de Araújo Neto! Mostra suas habilidade como poeta desde os nove anos de idade e a partir daí não parou. Aliás, parou no dia que completou seus 28 anos de idade se matando no banheiro de sua casa com gás (segundo ele a melhor forma de se cometer suicídio).

A partir desse pequeno resumo do que foi a vida de Torquato Neto percebemos que esse poeta viveu até as ultimas consequências. O Anjo Torto do Tropicalismo compartilha da mesma noção de poesia de Roberto
Piva, que ser poeta é experimentar sua poesia junto à vida. Confundir vida com arte é válido. E foi por isso que “Os últimos dias de paupéria” foi e é lido como uma Bíblia pelas gerações que conheceram Torquato
Neto somente pelo seu mito de poeta marginal e romântico.


Hoje, 9 de novembro de 2011, caso estivesse vivo, Torquato Neto estaria completando 67 anos bem vividos. Mas por escolha própria, decidiu sob o signo do escorpião, encravar seu ferrão na própria ferida. Não está mais entre nós, em corpo, no entanto deixou uma grande fortuna de como desafinar o coro dos contentes.

Se toda palavra guarda uma cilada, VIR VER OU VIR, Torquato Neto!




VINÍCIUS ALVES CARDOSO
GRADUANDO EM HISTÓRIA PELA UFPI



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