sábado, 19 de novembro de 2011

Corrupção e confiança nas instituições

Fazer a medição da corrupção não é fácil, já que a mesma só aparece quando a transação é denunciada por algumas das partes ou descoberta no decorrer de investigações. Com os dados de uma pesquisa sobre corrupção dificilmente se pode medir esse tipo de crime, o que se pode é a partir desses dados analisar principalmente a confianças nas instituições investigadas.

Em pesquisas realizadas pela USP/UNICAMP constatou-se o reconhecimento que as instituições são necessárias, mas há uma baixa confiança nas instituições representativas. Apenas 12% dos entrevistados têm muita confiança nos partidos políticos, os que têm alguma, pouca ou nenhuma somam 88%, e destes pouca ou nenhuma confiança são 56,8%; a confiança no Congresso é ainda menor, os que confiam muito são 8,7%; no governo 5,9%: nas leis do país 7,3% e na polícia 4,7%.

Embora o percentual de confiança nessas instituições seja baixo, a mesma pesquisa revela que os cidadãos acreditam nessas instituições como fundamentais para a manutenção do regime democrático, que vai além do sufrágio universal. Liberdade de escolha, competição eleitoral e uma administração isenta são garantias essenciais para a manutenção do regime representativo. Quando o Estado vira um espaço de corrupção o que se coloca em discussão é a própria legitimidade democrática.

A pesquisadora Célia Colen constatou que o aumento de 10 pontos na percepção da corrupção diminui em média em 3,31 pontos a confiança média nas instituições. Assim, se a corrupção se generaliza, as instituições e os políticos perdem credibilidade, e duvidar do sistema político passa a ser uma das consequências da corrupção.

Apesar de as instituições serem mais bem avaliadas quando a situação econômica do país vai bem, esse percentual é ainda melhor quando os cidadãos percebem ações de combate à corrupção. O contrário, resulta em descontentamento com as instituições e se coloca em dúvida a eficácia das mesmas, consequentemente geram dúvidas quanto à sua legitimidade.

Como consequência, a corrupção diminui a participação política e tem-se uma manutenção das elites no poder. Se não há uma redistribuição do poder, os recursos serão partilhados de forma diferente e ampliam-se as desigualdades sociais.



KARINA MATOS
JORNALISTA/MESTRANDA EM CIÊNCIA POLÍTICA - UFPI

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