sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ator francês


A professora Nevinha (Nevinha Cardoso Santos: Porto, Piauí, 1910-Teresina, Piauí, 1999), mãe do conceituado advogado Luiz Ayrton Santos (Picos, Piauí, 1931), é autora de importantes frases que se coadunam com o ensino primário e a moderna pedagogia. Uma das sentenças se tornou importante por se tratar da presença de alunas da “Turma do Brilhante”, do Grupo Escolar Coelho Rodrigues (Antônio Coelho Rodrigues: Oeiras, Piauí, 1846-São Vicente, São Paulo, 1912): “Não levamos em conta apenas a idade para alfabetizá-las. Todas precisavam aprender “.

No livro do professor Joaquim Ribeiro Magalhães (Piracuruca, Piauí, 1927): “Rabiscos de Lembranças”, existe um caso bastante curioso. “O psicólogo português Manoel Oliveira trabalhava numa rica loja de brinquedos e a sua função era a de não deixar as crianças quebrarem os objetos colocados à venda. O português, numa rápida atitude, aquietou uma criança brincalhona utilizando um pequeno lápis. A mãe do
pimpolho acreditou no psicólogo que manteve a criança tranquilizada no canto da loja para, em seguida, lançar a seguinte explicação: “Tem muita gente com medo do lápis no “bumbum”. Acho que, se os governantes dos países pobres não cumprem o que prometem, é porque, na verdade, estão é com medo do lápis dos países ricos”.

Um talento promissor surgiu na cidade de Juazeiro do Piauí. O jovem Ricardo Vasconcelos Lopes, traduziu em versos o seu “Caminho da Escola”. “Sigo pela manhã vaga/ Pela névoa cinzenta/ Me vendo sumir pela distância/ Pelo caminho de sapé/ Entre árvores e pedras./ “Vejo o pálido menino/ Sumir no caminho da
escola/ E aparecer em minha face./ “O menino de olhos verdes é sozinho,/ Pouco fala, pouco conversa/ E quase ninguém o percebe. / O menino de olhos verdes/ Sempre anda correndo/ Sempre anda com medo/ “E poucos sabem, nem mesmo ele/ Que um dia sua história todos conhecerão”.

O intelectual Antônio Sampaio Pereira (Barras, Piauí, 1923), ardoroso defensor das coisas passadas, escreveu:

“ninguém por mais indiferente que seja, deixa de sentir na alma uma centelha de vivo interesse pelas coisas do passado, mormente se esse passado tem ótima ligação com algo que lhe pertence e que, por conseguinte, mantém afinidade consigo mesmo”.

O cordelista João Vicente da Silva (Guarabira, Paraíba, 1926), tem poemas cravados na literatura de cordel. Poemas que refletem épocas e realidades vividas no Piauí, no tempo da luta acirrada pela reforma agrária. Capítulo envolvendo a política brasileira. E é, no mercado público de Campo Maior, progressista cidade
interiorana piauiense que João Vicente da Silva explica diariamente aos curiosos visitantes: “Promessa dá confusão/ Já é notícia diária/ Jagunços matando gente/ Da forma mais sanguinária/ Porque alguns egoístas/ Não querem a reforma agrária”.

O jovem Diego Mendes Sousa (Parnaíba, Piauí, 1989), bastante conhecido na Espanha, Europa, escreveu:: “Fogo de Alabastro”. No livro, existem dois trabalhos traduzidos para a língua espanhola: “Evoco-te, Figo Maduro, para não Morrer na Saudade Imensa” (“Te Evoco, Higo Maduro, para no Morir em la Añoranza Inmensa”) e “Ator francês” (“Actor Francês”). Escolhemos “Ator Francês” por representar bem a tradutora brasileira Helena Ferreira, carioca, licenciada em letras neolatinas pela antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi professora de língua e literatura espanhola na Faculdade de Letras.

Além de tradutora, Helena Ferreira é ensaísta e poetisa. Eis, então, “Ator francês, na língua portuguesa: “Sou a Musa e o sopro do destino/ Meus olhos verdes são a revelação da alvorada/ Sou teu Figo Maduro/ Na alma/ A cabala do sonho e da eternidade/ Um Tigre Vermelho/ Uma rosa: primavera/Amo-te muito e espero-te/ Para o encanto: a vida”.

Agora, “Actor francês, na língua espanhola: “Soy la Musa y el soplo del destino/ Mis ojos verdes son la revelación del alba/ Soy tu Higo Maduro/ Tu alma/ La cábala del sueño y de la eternidad/ Un Tigre rojo/ Una rosa: primavera/ Te quiero mucho y te espero/ Para el encanto: la vida”.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSO

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