sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Imagem e ação

A Polícia Civil pediu e o Judiciário acolheu o pedido de prisão provisória de dois vigilantes e de dois operários que trabalham nas obras das sedes do Ministério Público Federal e do Tribunal Regional do Trabalho. O ato faz parte de uma convicção do aparelho policial de que será possível esclarecer a morte da estudante Fernanda Lages com a detenção de quatro homens que estavam na cena deste episódio – até aqui não esclarecido se criminoso ou não.

A prisão dos vigilantes e dos operários, porém, não serviu para aplacar a desconfiança que as pessoas
têm em relação ao trabalho da polícia. Há boas razões para que uma crescente parcela da opinião pública olhe com desconfiança para as prisões, seja porque os presos são pobres e seja porque a decisão de pedir a prisão deles ocorre muito tempo após a morte da estudante.

Ora, a polícia trabalhou com hipótese de a estudante Fernanda Lages ter se suicidado e não cogitava os quatro presos como suspeitos do que quer que fosse. Agora, ao prender os trabalhadores, certamente abandona com alarde uma linha de investigação antes bastante aceita, já que os operários e vigilantes deixam a condição de testemunhas para se tornarem suspeitos de esconder informações e fatos. Isso faz com que agora se possa convictamente dizer que a polícia trabalha com o fato concreto de que a moça foi vítima de homicídio.

Essa reviravolta, que leva a polícia ao ponto inicial da investigação, faz com que a desconfiança das pessoas se amplie – o que leva a um dano muito grande à imagem da instituição, até aqui a principal vítima de sua própria demora em esclarecer em que circunstâncias morreu a estudante e se, tendo havido homicídio, quem praticou o ato.

A polícia está sob o olhar atento de todas as pessoas. Mais que isso: é a sua imagem que está super exposta nas mídias convencionais e nas novas mídias, as chamadas redes sociais, onde ninguém deixa passar em brancas nuvens os equívocos, as imprecisões e as respostas demoradas demais a perguntas urgentes.

O crime em si precisa ser esclarecido porque é o papel institucional da polícia investigar, descobrir e apresentar instrumentos para punir ou não quem está sob suspeita. Porém, mais do que lançar luzes de verdade sobre esse episódio, a polícia deve agir para que as zonas cinzentas nele existente não corroam ainda mais a sua imagem, 

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