domingo, 18 de março de 2012

Inveja


Certamente a inveja é um dos mais conhecidos e inconfessáveis sentimentos humanos. Todos nós a conhecemos, mas dificilmente admitimos sentila. Manifesta-se de forma indireta, independente da classe social, atacando igualmente homens e mulheres. Não raro a confundimos com ciúme e cobiça. Para esclarecer, basta fazermos a seguinte distinção: ciúme é querer manter o que se tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é não querer que o outro tenha.

Sentimos ciúmes de objetos e de pessoas. Por temer perdê-los, sofremos com a simples possibilidade de compartilhar objetos pessoais e a atenção de pessoas queridas. Agora quando você vê a bolsa nova ou o carro recém-comprado de sua amiga e surge um grande desejo de possuí-los entra em ação a cobiça.

Já a inveja ocorre quando a felicidade do outro nos provoca sentimentos de raiva e tristeza, presentes, por exemplo, quando você não quer que uma colega seja promovida no trabalho ou vista uma roupa que você tem certeza de que ela vai arrasar na balada. Quando a satisfação do outro nos causa desconforto, corrói nossa alma, somos acometidos pela inveja, que surge de forma espontânea e descontrolada.

O que o invejoso mais deseja que aconteça com o invejado é o seu fracasso: “Que bom que o data show queimou bem no meio da apresentação do projeto que fulano estava fazendo para os altos executivos da empresa”. Inveja branca e inveja boa não existem. O que existe é admiração, principalmente quando você chega a confessar publicamente.

O mais interessante é que a inveja se manifesta mais intensamente com as pessoas próximas de nós: familiares, amigos, colegas de trabalho. A Gisele Bündchen dificilmente vai ser alvo de sua inveja, já que ela se encontra em um nível bem mais elevado de idealização.

Geralmente nos protegemos da inveja alheia utilizando um arsenal de superstições, tais como figas, sal grosso, arruda, cristais e orações. Mas mesmo assim, tendemos a minimizar os efeitos maléficos do “olho gordo”, desqualificando o objeto elogiado: “Esta blusa? Não, não é nova, já usei várias vezes”... “Meu marido, gente boa? Ah, você precisa ver o tanto que ele ronca”. Fazemos isso frequentemente e nem nos damos conta de que o que realmente estamos querendo é nos defendermos do “mau olhado” da outra pessoa.

Admitir que sentimos inveja é o primeiro passo para gerenciá-la. Procure elencar as situações em que ela esteve presente e avalie que inseguranças suas estão associadas a elas. Assim, fica bem mais fácil trabalhar suas deficiências e, consequentemente, diminuir a incidência desse sentimento ruim.




JEAN LUSTOSA
PSICÓLOGO

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