quarta-feira, 7 de março de 2012

Como era bom aos domingos (final


O texto é alongado. Pertence ao literato José Elmar de Melo Carvalho (Campo Maior, Piauí, 1956). Discorre acerca do livro biográfico preparado e publicado pelo professor Gustavo Fortes Said (Teresina, Piauí, 1971). Nas 328 páginas de “Como era bom aos domingos”, estão em evidência as peripécias de vida do jornalista, radialista e professor Carlos Said, apelidado popularmente: “O Magro de Aço”. Sem faltar o concurso dos incontáveis admiradores brasileiros.

“No decorrer da conversa, instiguei/fustiguei o grande jornalista e radialista para que escalasse a seleção piauiense de todos os tempos. Com sua memória prodigiosa, de forma justificada, citando datas e características de jogadas, o mestre me disse qual seria a sua seleção ideal. Recordo que entre esses nomes
constavam vários craques de Parnaíba e alguns de Campo Maior. Justificou a grande participação de atletas parnaibanos com o apogeu econômico que Parnaíba atingiu no alvorecer do futebol piauiense. Entre os “pebolistas” que citou constam: Coló, Vicentinho, Né (Manoel da Silva), Pepê, Ição, Pedro Alelaf, Sima, etc. O Magro de Aço, com a minha total concordância, terminou dizendo que elaboraria duas seleções piauienses, sem preponderância de uma sobre a outra, o que facilita as acomodações em caso de dúvidas e em que os craques praticamente se nivelam em suas posições.

“Não tendo eu autoridade técnica e de conhecimento para incluir o goleiro Carlos Said numa dessas duas seleções, certamente declaro que o considero o maior comentarista esportivo do Piauí, e induvidosamente um dos maiores do Brasil. Ademais, entendo que ele poderia ter sido um dos maiores técnicos do nosso futebol. Recordo que, em minha meninice, estava ouvindo uma transmissão de jogo pela rádio Pioneira, com narrativa de Dídimo de Castro e comentários de Carlos Said, quando este, no intervalo, disse que um dos times ganharia a partida se fizesse as modificações que declinou. O técnico do time parece que estava com o seu radinho de pilha ligado. Adotou as modificações apontadas apelo Magro de Aço e o seu time venceu o duelo sem maiores percalços.

“No final da visita, ele me ofertou a obra “Como era bom aos domingos”, da autoria de seu filho Gustavo Said, que traz como subtítulo “O homem, a vida, o mito Magro de Aço”. Trata-se de um belo livro, tanto no conteúdo como na programação visual, em que foram coligidas importantes fotografias, de valor histórico e documental, que lhe traça a biografia, e conta muitas de suas peripécias e aventuras na qualidade de homem,
de servidor público, de professor, de jornalista e de radialista, bem como as polêmicas de que participou. Narra os principais fatos anedóticos de que foi protagonista, como o acidente de carro que lhe rendeu o famoso apelido de Magro de Aço, que faço questão de acrescentar que se trata de aço inoxidável, pelas grandes qualidades humanas, desportivas e culturais de que se reveste a sua personalidade ímpar. Ele fez questão de colocar como data o dia 02/02/2011, quando ocorreu o lançamento da obra, a que não pude
comparecer, na dedicatória que me fez. Não posso deixar de transcrever o sintético mas significativo autógrafo: “Ao insigne mestre Elmar Carvalho, amizade é pouco; irmão, sim!”

“Não preciso dizer que essas palavras calaram fundo em minha alma, e me comoveram. Quando eu me preparava para deixar sua casa, caía uma chuva fina naquela tarde nublada e mormacenta. Por esse motivo, coloquei o livro debaixo da camisa, perto do coração, e disse ao mestre, que foi boêmio no melhor sentido da palavra, apreciador que era de uns bons goles de cerveja gelada e da beleza feminina: - Mestre, um livro precisa de mais proteção do que uma mulher... O livro se estraga com uma chuva, enquanto uma mulher fica até mais bonita com umas gotas d´água sobre a pele, e com o vestido colado, a lhe acentuar as curvas...

O mestre escancarou um largo sorriso, e afirmou a sua concordância com um meneio de cabeça”.



CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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