quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mestre do futebol (I)


Definir a genialidade do José Elmar Melo de Carvalho (Campo Maior, Piauí, 1956), parece impossível.

É só reparar no texto limpo, cântico vibrando homenagem. Perto do Elmar Carvalho sou um simples escriba. Escrever farto texto sem impurezas, com fidelidade sobraçando futebol (passado e presente), não é pra qualquer um. Sintome prazeroso.

“Após a melancólica, mas de certa forma esperada, derrota do Santos para o Barcelona, pelo vexatório placar de quatro a zero, que ainda poderia ter sido pior, não fossem duas ou três magníficas defesas do goleiro santista, e dois chutes barcelonenses terem acertado a estaca da trave, resolvi ligar para o jornalista Carlos Said. Sabendo que ele gosta de se concentrar para assistir às partidas de futebol pela televisão e para acompanhar os comentários, deixei passar quase uma hora, depois do apito final, para efetuar o telefonema.

Devo dizer, com relação aos times de São Paulo, sou torcedor do Santos, desde que, aos 13/14 anos de idade, com a ajuda do padre Deusdete Craveiro de Melo, fundei, na cidade de José de Freitas, um time com esse nome, e contribuí para a criação de um campo de futebol, que se localizava na frente do cemitério velho, quase aos pés do Morro do Fidié, que prefiro chamar de Morro do Livramento; ficava, portanto, perto do teatro, de um antigo clube dançante, aos fundos da casa do finado Levi.

Pedi ao mestre Carlos Said que comentasse três pontos que eu iria abordar. Um, foi o excelente futebol apresentado pelo Barcelona, o mais bonito que já me foi dado ver nos últimos anos, um verdadeiro bailado, diria mesmo uma legítima coreografia de balé, com passes longos e curtos, mas sempre precisos, exatos, perfeitos, em que os jogadores estavam sempre a se deslocar, mudando de posição, desnorteando o adversário; às vezes, a tabela era feita em deslocamento circular dos jogadores, que me fez recordar o mítico “carrossel holandês”. Mais parecia uma evolução de dançarinos. Cabe ressaltar que não era um tabelamento inócuo, que visasse apenas à posse da bola pela posse da bola, mas tinha um caráter nitidamente estratégico, ofensivo, com a finalidade de fazer gol, e não apenas dar plasticidade ao espetáculo futebolístico.

Dois, observei que o Messi jogara de forma magnífica, no esplendor de seu estilo característico, de muito domínio de bola; que ele embora em alta velocidade, mantinha o domínio da pelota, com ela quase colada a seus pés; que tinha dribles imprevistos, desconcertantes, desnorteantes; que ele, mesmo sob pressão de marcadores, era muito hábil no recebimento de passes e na distribuição da bola, com lances de precisão milimétrica, cirúrgica, por assim dizer; que tinha raciocínio rápido, grande visão de jogo, extraordinária capacidade de improviso. Diante dessas e outras qualidades, não referidas, perguntei-lhe se ele não seria superior ao Pelé, o que para muitos fanáticos seria uma verdadeira blasfêmia. Por último, abordei a pretensa Seleção Brasileira de todos os tempos, na ótica do narrador esportivo Galvão Bueno, declarada em programa apresentado pela Angélica, à tarde, na véspera do jogo, sábado, 16 de dezembro de 2011. Bueno, achando-se “muy bueno”, fez a sua escalação, levando em conta, assumidamente, as suas amizades, ao menos em duas ou três escolhas”.



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