sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Socorro Claudino


Peregrinando por países da África e da Ásia, Madre Teresa de Calcutá (Agnes Gouxha Bojaxhiu, fundadora da Ordem das Missionárias da Caridade: Skopje, na Macedôna, 1910-Calcutá, Índia, 1997), declarou várias vezes: “Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente”. Na vida, encarando a morte com serenidade, Maria do Socorro de Macedo Claudino (Lavras da Mangabeira, Ceará, 1937-Teresina, Piauí, 2011), querida mulher conhecida como Socorro Claudino, despontou em Teresina, idos de 1968.

Imediatamente, respeitada e admirada, se deixou arrebatar pela lógica do aceitar as coisas preciosas da fé e da esperança. Assim, Socorro Claudino, no perpassar dos seus 74 anos de presença entre os viventes, demonstrou que a “tarefa mais difícil é aprender a não esquecer de quem aprendemos a gostar”.

Esposa fiel de João Claudino Fernandes (Luís Gomes, Rio Grande do Norte, 1930), jamais se descuidou da criação dos filhos: João Vicente (senador da República), Cláudia, João Júnior, Alayde (empresários) e João Marcelo (literato, dono de rara sensibilidade poética). Testemunhas há, prontas para que a declaração do cronista se torne abalizada em torno da intelectualidade dos filhos de Socorro Claudino.

Em 1961, após casamento com João
Claudino Fernandes, seguiu para Cajazeiras, interior da Paraíba, a fim de acompanhar a trajetória empresarial do
invulgar esposo. Em 1968, aportou na cidade de Teresina. Na capital do Piauí encontrou (enfim) o porto seguro pelo qual não mais se desviou do rumo tomado. Religiosidade à flor da pele porque educada pelas freiras do principal colégio do Crato, importante cidade industrial do Ceará, abraçou a clássica advertência da Igreja Católica: “A fé remove montanhas”. Por isso, entusiasmada, se envolveu com a causa protetora dos
pobres de Teresina. Aumentando a sua crença religiosa como devota de Santa Edwirges (Jadwiga Slaska:

Andrechs, Baviera, Alemanha, 1174-Trzebnica, Polônia, 1243, canonizada pela Igreja Católica e reconhecida como protetora dos pobres e dos endividados).

Possuidora duma versátil inteligência, antes de residir na capital piauiense, desenvolveu atividades cartoriais
em Lavras da Mangabeira, interior cearense. Escrivã com imenso talento para prosseguir e alcançar o posto de tabeliã na terra natal, eis que a dedicação extrapolou o ápice da realidade: descobriu, tal como havia verificado o escritor Henry Thoreau (Henry David Thoreau: Concord, Massachusetts, Estados Unidos, 1817-1862), “uma pessoa é rica na proporção do número das coisas de que é capaz de abrir mão”.

Portanto, e na hora mais marcante de sua vida (sic), Socorro Claudino ficou despojada de ambições. Sem vaidades, idade septuagenária, pretendendo o bem para os desvalidos da sorte, se despediu do mundo ativo. Acreditamos que não será esquecida pelas benfazejas realizações colocadas em Teresina, lugar adotado para o seu repouso definitivo.



CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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