segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Política e polícia


Assisti à palestra de um policial do BOPE (RJ), há menos de um mês. O Batalhão de Operações Especiais, fundado em 1978, com um contingente de menos de 500 militares, é considerado a melhor equipe de combate urbano do mundo. Embora o governo carioca diga que não, mas o que acontece no Rio de Janeiro é uma guerra. Traficantes de drogas têm um arsenal de assustar a todos. Além disso, tem muitos jovens viciados e dispostos a combater a polícia até a morte. A desonestidade de homens públicos, na política e nas polícias, é mais um complicador na vida do povo carioca. É nesse ambiente de ‘nitroglicerina pura’ que surgem, carregadas de esperança, as Unidades de Polícia Pacificadora, tendo à frente o BOPE, que capacita os demais policiais a atuarem junto às comunidades.

O sargento Monteiro veio ao Piauí falar sobre as UPPs, que estão sendo implementadas no Rio, há pouco mais de um ano, tendo iniciado no Complexo do Alemão, onde foram geradas aquelas imagens cinematográficas em que bandidos fugiam de um morro a outro, sendo perseguidos e alvejados por policias em helicópteros. Paradoxal àquelas cenas, o militar do BOPE trouxe imagens da atual realidade do Complexo do Alemão. A comunidade hoje vive numa tranquilidade jamais imaginada pelos moradores. Eles
agora têm acesso a outros serviços públicos, não só o da segurança, que, às vezes, subia morros e favelas para causar verdadeiras atrocidades. As crianças agora podem brincar nas ruas. Podem ter acesso à cultura. Houve dois homicídios nesse espaço de tempo.

Sabemos que para combater o tráfico de drogas - que toma conta do país são necessárias ações conjuntas de todos os setores que compõem o Estado e a sociedade. Senão, vamos continuar perdendo essa guerra para o tráfico. Mas o entusiasmo com que o sargento Monteiro falava dessas conquistas, através das UPPs e de outros serviços, nos faz acreditar que podemos ter um país mel hor. O sargento Monteiro afirmou: “Tudo o que o BOPE quer, para melhorar a corporação, o governo concede; não existe ingerência política no BOPE; nós escolhemos o nosso comandante, que tem que ser da nossa unidade!”. Gostei de ouvir isso. Nesse caso, há uma harmonia positiva entre política e polícia.

O BOPE com sangue, suor e lágrimas tem ganhado o respeito de todos, inclusive do atual governador, que não é nada bobo.

Enquanto isso, no Piauí (enquanto o crack e a violência se alastram por todo o Estado), policiais militares indignados sairam às ruas pedindo que o governo pare de promover por critérios desonestos e injustos alguns agraciados políticos, prejudicando a grande maioria, que também é formada por gente trabalhadora e honesta. Muitos, como eu, têm 20 anos ou mais de serviço, e não tiveram uma promoção. Nesse caso, a ingerência política na polícia é criminosa. É desestimulante. Que polícia querem para o Estado? Desta forma, o governo cria uma animosidade perigosa nesta instituição já tão maltratada historicamente. Pedimos socorro à OAB, ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público, à Assembleia, a sociedade piauiense. No Piauí, poucos militares podem dizer o que dizem orgulhosamente os policiais do BOPE – RJ: “Tudo o que
pedimos, o governo concede”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário