terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Lições do Pará


A derrota dos que pretendiam a divisão do Pará para a criação de mais dois Estados – Carajás e Tapajós – não pode ser celebrada como a vitória dos que queriam um só Estado. É preciso entender o movimento separatista de parte dos paraenses – e de outros residentes em Estados, entre os quais o Piauí – como parte de um sentimento de rejeição que se sente por estar isolado e não ter a presença da administração pública.

É certo que a rejeição à tese secessionista no Pará deve esfriar os ânimos dos que defendem a criação de novas unidades da Federação pela redivisão territorial de alguns Estados. Mas se isso evita novos plebiscitos – que dependem de autorização das Assembleias Legislativas, após votação de projeto pelo Congresso – também deve servir como um meio para reflexão.

Regiões como o que seriam os Estados de Tapajós e Carajás, no Pará, ou Gurgueia, no Piauí, ressentem-se de uma ausência continuada do poder público. Têm infraestrutura de estradas e energia deficientes e lhes faltam melhores condi- ções para atender suas populações com escolas, hospitais e segurança pública. O Estado quando aparece de modo eficiente é mais para punir do que para prover. Ora, nessas circunstâncias não é de admirar que as pessoas queiram que seus destinos não dependam de quem lhes vira as costas.

É necessário muito trabalho para que se consiga a eliminação do sentimento separatista dos piauienses que moram depois de Floriano e após Picos, em regiões mais distantes como as Chapadas do Extremo Sul Piauiense, o território da Chapada das Mangabeiras ou da Serra da Capivara. É fundamental que os piauienses da parte de baixo do nosso mapa se sintam mais piauienses e, neste sentido, é fundamental fazer com que sintam a presença do Estado como instrumento indutor de desenvolvimento e provedor de bons serviços.

O esforço do governo estadual, agora e no futuro, deverá ser o de construir uma integração do Estado, de modo a reduzir as insatisfações que tanto alimentam o espírito separatista – que sempre se manterá vivo, mas que pode se tornar menos sedutor e poderoso na medida em que todos os piauienses tiverem maior sentimento de pertencimento a todo o território que forma o Piauí.

Nenhum comentário:

Postar um comentário