terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Como nasce um político corrupto


Engana-se quem pensa que um político corrupto já nasce pronto e acabado, ou que a sua deformação está dissociada da participação popular, especialmente durante os embates político-eleitorais, onde o voto negociado, via de regra, tornou-se o foco das eleições no Brasil.
 
Primeiro, o sistema eleitoral vigente é por demais tolerante e incentivador da corrupção, na medida em que resulta obrigatório o voto para os brasileiros maiores de 18 e menores de 70 anos. Ora, se o voto fosse facultativo, o político endinheirado e corrupto jamais investiria na compra daquilo que ele poderia receber ou não. Obrigatório, o voto geralmente é dado “a quem mais vantagens oferece” dentro de um sistema eleitoral autofágico.
  
Outro aspecto a considerar, do ponto de vista da corrupção eleitoral, além dessa permissividade do sistema
(“quem tem mais compra mais”), é a total ausência do Estado-administração em meio às populações mais carentes e desassistidas, sobretudo de políticas públicas de atendimento à saúde das pessoas, na sua grande
maioria, à mercê de um Posto de Saúde sem médico e sem medicamentos, e de uma ambulância quebrada no interior desse Brasil de “Mãe Preta e Pai João”, tradicionalmente avesso à cultura de valores e sentimentos tais como pátria e família, indispensáveis à boa formação moral e cristã do indivíduo em sociedade.
  
Finalmente, não se completaria o ciclo da corrupção eleitoral, na qual estão acumpliciados como irmãos siameses, o mau político e o eleitor desprovido, inclusive de caráter, se não se trouxesse à baila o despreparo do aparelho policial, do Ministério Público Eleitoral e da Justiça Eleitoral no enfrentamento de um problema que, de tão arraigado no meio político-social brasileiro, já ganhou status de arranjo cultural ou, como preferem alguns, de “jeitinho brasileiro”. E que jeitinho mais safado, hein?
 
Ainda bem que existem os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE’s) no país, para minimizar os efeitos da corrupção eleitoral, esse cancro social. Melhor seria, entretanto, se essa intervenção fosse preventiva, a partir dos juízos eleitorais.




EDIVAM FONSECA GUERRA
ADVOGADO/ESCRITOR  

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