quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O calor das cores


Suando em bicas estamos atravessando mais um b-r-ó-bró e o calor é tanto que a sensação que temos é que uma boca de fornalha acesa do tamanho da abobada celeste respira sobre Teresina. As pedras e calçadas faíscam e escaldam como uma chapa de fogão.

Mas o sol forte que nos castiga dá-nos também um espetáculo de cores. E nem é necessário que estejamos tristes como o Pequeno Príncipe para apreciarmos os esplêndidos crepúsculos desta quadra do ano em que o sol desaparece em imensos leques alaranjados e escarlates.

E mais longe, algumas nuvens altas, paradas, tocadas de cor de rosa e dourado vão aos poucos mudando para o tom aveludado de lilás rosado, diluindo o azul profundo, provocando a refração que põe nas ruas e
fachadas das casas uma claridade dourada, acendendo em brasa, num breve fulgor, as vidraças dos prédios.

E banhadas nesta luminosidade as nuvens ora são altos castelos ora formam lagos que incendeiam-se, sem contudo atingir a pequena ilha isolada por um braço de mar muito azul onde navega um grande barco seguido por uma estranha procissão de elefantes.

Por toda a cidade os ipês derramam uma chuva de bilhetinhos amarelos, mensageiros de boas novas, recados da primavera.

Nos muros e jardins, as rubras buganvílias, submersas em flores vergam-se ao próprio peso e já em princípios de outubro vi vários flamboyants completamente escarlates. A escura folhagem das mangueiras está salpicada de frutos verde claros que logo estarão tingidos de um belo amarelo rosado. E até as humildes onze horas e as xananas exibem-se em profusão.

Em algumas tardes, após uns rápidos pingos de chuva que trazem ainda mais calor, apresenta-se o arco-íris como um cristal colorido a pairar irisando o lado escuro do céu.

E a cada nova manhã ao surgir avermelhado, o sol põe barras carmesins a Leste, coadjuvando a mão invisível que pincela tons vibrantes, fazendo muito colorido o nosso suado b-r-ó-bró.




DALVA MATOS
PROFESSOR

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