domingo, 18 de novembro de 2012

Estímulo à comida local

O prefeito eleito Firmino Filho (PSDB) talvez devesse prestar atenção a um conceito de produção que para
muitos pode até parecer romântico, mas que ainda assim tem possibilidade de ser economicamente viável: a produção de alimentos de baixo carbono.

O nome pode parecer estranho, mas a ideia é bastante simples. Trata-se de fazer com que as pessoas passem a consumir alimentos produzidos perto de onde moram – o que valoriza a produção local em detrimento do que é produzido a grandes distâncias

A decisão de priorizar, estimular e favorecer o consumo local faz com que se gaste menos combustível fóssil na produção e no transporte dos alimentos. Isso faz cair a emissão de gases do efeito estufa. Faz-se um esforço de salvação do planeta ao mesmo tempo em que se criam meios para gerar mais empregos.

O economista polonês Ignacy Sachs propõe, dentro dessa ótica, o que chama de ‘adensamento conômico’, ou simplesmente fazer com que a produção esteja cada vez mais próxima dos centros de consumo.

Um teresinense pode dispensar uvas, frutas produzidas no Chile, Europa ou Colômbia porque, mesmo que cheguem aqui a preços competitivos, elas têm o defeito de não gerar trabalho localmente e no longo trajeto entre áreas de produção e nossas mesas queimam muito petróleo, seja via querosene de aviação seja pelo diesel de caminhões.

Em um mercado global, com mecanismos de remuneração bastante entrelaçados para cada cadeia produtiva, não é fácil colocar em prática a ideia simples da produção próxima dos centros consumidores. Porém, esta parece ser uma oportunidade muito boa para algumas áreas geográficas fortemente dependentes de compras externas. Caso de Teresina e da maioria das capitais nordestinas.

As capitais do Nordeste e suas respectivas áreas metropolitanas somam, no mínimo, 15 milhões de moradores. É um mercado gigantesco para onde se destinam todos os anos milhões de toneladas de carne, leite e derivados, ovos, frutas, hortaliças e cereais secos.

São bilhões de reais em consumo de alimentos trazidos de estados não nordestinos ou mesmo de outros países. Isso drena recursos financeiros da região, de modo que, especificamente para esse pedaço do mercado regional, é possível, sim, adotar o conceito preconizado pelo professor Sacs de fazer o desenvolvimento para dentro, investindo os ganhos nas comunidades locais ou regionais.

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