Nas últimas décadas, as mulheres ganharam o espaço das ruas. Dita assim, a frase soa de forma positiva. Parece referir-se à liberdade e independência que conquistaram e ainda lutam diariamente para consolidar. Mas não é bem assim, pelo menos não no contexto que envolve álcool, crack, decadência, estupro, sofrimento e violência. Ganhar as ruas perde todo o encanto quando isso significa perambular feito zumbis femininos pelo centro da cidade, virando a madrugada em busca de droga e ocupando os cantos das calçadas durante o dia.
No Piauí, a dependência química alcançou o universo feminino na mesma proporção que atinge os homens, com uma única diferença: para elas, as opções de tratamento são quase inexistentes. Apenas o Hospital do Mocambinho reserva alguns poucos leitos para as usuárias de drogas em situação de emergência. Os CAPS
AD também fazem atendimento, mas a demanda é sempre maior que as oportunidades. De muitas comunidades terapêuticas existentes no Estado, nenhuma tem vaga para mulheres. E a única que oferecia, há alguns anos, foi fechada por falta de recursos. Diante dessa triste realidade, o Sistema Meio Norte de Comunicação, em parceria com a Fazenda da Paz, decidiu agir para melhorar tal cenário e lançou, como um presente ao Dia Internacional da Mulher, a campanha Alô Solidário, que visa arrecadar fundos para a construção de uma unidade feminina da Fazenda da Paz.
O projeto é grande e vai exigir muito esforço de todos que se lançaram ao desafio. A meta é conseguir R$ 3 milhões para construir e equipar a comunidade terapêutica. O terreno é o mesmo onde está situada atualmente a unidade de tratamento da Fazenda da Paz - Luz e Vida, na Cacimba Velha, zona rural de Teresina. Contudo, as mulheres vão precisar de um espaço diferenciado, que trate não apenas sua dependência química, mas também acolha os seus filhos, quando necessário. Como parte da campanha, o Sistema Meio Norte vai sensibilizar os piauienses, mostrando a realidade que algumas pessoas só conhecem de longe ou quando acontece dentro de suas famílias. São histórias que envolvem dores, perdas, frustrações, bem como problemas físicos, emocionais e mentais sofridos pelas mulheres usuárias de drogas.
No dia 16 de abril serão lançados os números para doações, sendo eles 0500 860 0005, para doar R$ 5,00; 0500 860 0010, para doar R$ 10,00, e 0500 860 0015, para doar R$ 15,00. O ápice da campanha será dia 12 de maio, véspera do Dia das Mães, quando haverá um programa especial, com 12 horas de duração, voltado para conscientizar a sociedade, os órgãos públicos e os empresários sobre a importância de ajudar essa causa.
Assim como os direitos, as drogas também chegaram até as mulheres e têm consumido muitas mães, pais, viúvos e filhos. Basta refletirmos sobre algumas ocorrências como os índices de prostituição, criminalidade, violência e abandono de crianças. Todos esses acontecimentos, noticiados diariamente nos meios de comunicação, possuem relação com as drogas e denunciam um grave problema social. Portanto, se somos capazes de nos emocionar, nos indignar ou mesmo nos constranger com esses assuntos, então sabemos ou pelo menos sentimos o quanto esse mal atinge a cada um.
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