domingo, 4 de março de 2012

Desfavor ao Brasil


Nos primeiros anos da República no Brasil, instituiu-se a chamada “política dos governadores”, pela qual o governo federal e os governos estaduais trocavam favores para que ninguém lhes fizesse oposição. Desse mal fazer político nasceu outro modo pernicioso de manutenção do poder, a política do café com leite, que consistia em eleger alternadamente presidentes oriundos de Minas e São Paulo. Isso bem poderia ser passado. Não é.

A federalização da eleição municipal em São Paulo evidencia que toda a política brasileira hoje gira em torno de uma luta entre petistas e tucanos pelo controle político tanto da prefeitura quanto do governo de São Paulo. E isso termina refletindo negativamente para o resto do país, que se vê às voltas com a nacionalização de uma querela paroquial – ainda que pelo tamanho das máquinas administrativas em disputa essa seja uma contenda bem grande.

É improvável que PT e PSDB deixem para trás sua renhida disputa em São Paulo, bem assim que ‘exportem’ essa disputa para o restante dos Estados. Lamentável, porque as repercussões negativas desta disputa serão pagas por milhões de brasileiros que provavelmente jamais vão pôr os pés no Estado ou
na capital de São Paulo. Então, essa disputa não interessa ao Brasil e aos brasileiros.

A ‘federalização’ da eleição paulistana tem sido considerada ‘inevitável’ por políticos e analistas. Verdade, já que, de um lado está José Serra, que foi derrotado por Dilma Rousseff na eleição presidencial. De outro, Luiz Inácio Lula da Silva, que colocou Dilma na disputa e agora comparece às urnas através de um candidato
tirado do bolso do colete, o ex-ministro Fernando Haddad. Ora, mas essa ‘federalização’ termina colocando boa parte dos esforços de governo e dos demais partidos em uma campanha de uma cidade que pode representar, mas não é o Brasil em sua inteireza. Assim, a campanha federalizada em São Paulo é um momento ruim da política brasileira.

Ao colocar a disputa municipal de São Paulo como algo mais importante do que é, PT e PSDB concorrem para apequenar a atividade política. Além do mais é preciso lembrar aos políticos dos dois partidos que, passada a eleição municipal, por mais ‘federalizada’ que ela seja, os problemas a serem geridos são grandes, mas circunscritos ao microcosmo das cidades.

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