sábado, 21 de janeiro de 2012

Uespi no exame da Ordem


A recente divulgação de que a Uespi foi a primeira colocada, percentualmente, no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), dentre as instituições de ensino jurídico do Estado do Piauí, nos deixou extremamente satisfeitos e orgulhosos, felicidade que foi ainda maior pelo fato de o Campus Clóvis Moura, situado no Bairro Dirceu Arcoverde, em Teresina, ter tido o melhor desempenho dentre todos os campi da Universidade Estadual, pois sou há quase oito anos professor daquela instituição. Contudo, a alegria também beira a perplexidade, na medida em que em passamos também a nos perguntar como uma instituição e um campus com péssima estrutura poderia alcançar tal desempenho, desprovidos que são de condições razoáveis de funcioamento?

A resposta não é fácil. A despeito de considerarmos que houveram grandes avanços nesses últimos oito anos, notadamente na contração de professores pela via constitucional do concurso público, incrementandose progressivamente o número de professores efetivos ao longo dos anos, muito ainda há que se fazer na Uespi para que ela atinja um bom nível de satisfação de alunos, professores e da sociedade. O desempenho no
Exame de Ordem não pode mascarar a situação existente naquela instituição. Pode-se creditar ao esforço de alunos, professores, servidores, que, mesmo submetidos a uma situação problemática em seu dia a dia, em
face da ausência de condições de trabalho, conseguem se superar e alcançar desempenhos satisfatórios no Exame de Ordem ao longo dos anos.

Cumpre registrar que o desempenho do curso de Direito do Campus Clóvis Moura não é de agora, e já há alguns anos vem aprovando novos advogados em número bem superior à grande maioria das instituições de
ensino superior do Piauí. Contudo, não podemos olvidar os graves problemas. Não temos, por exemplo, uma sala de professores em boas condições. Computadores são raros no campus, e estão a serviço das coordenações dos cursos. A biblioteca é extremamente carente de boas e atualizadas obras jurídicas e de outras áreas. Não há uma boa área de lazer e esportes, como um ginásio ou um campo de futebol. As carteiras dos alunos são desconfortáveis. Em algumas salas os aparelhos de ar condicionado são insuficientes para debelar o grande calor do br-o-bró.

Não podemos, por outro lado, deixar de louvar o esforço dos sucessivos diretores que passaram pelo campus.

Lembro que quando cheguei à instituição sequer haviam aparelhos de ar condicionado em salas de aula. De lá prá cá foram construídos laboratórios e um auditório. A biblioteca foi reformada. Em resumo, muita coisa se fez, mas ainda estamos muito longe de chegarmos a um patamar que podemos considerar bom em termos de condições de trabalho. A remuneração dos professores é outro problema. Praticamente todas as Faculdades de Direito de Teresina pagam melhor a um professor do que a Uespi. Muitos professores da
Uespi percebem remuneração inferior a um professor 40h do ensino público estadual ou municipal, o que demonstra que ainda há muito a se fazer nessa seara.

Enfim, não podemos concluir com o desempenho da Uespi (Campus Clóvis Moura), que tudo está bem e que não há mais nada a se fazer. Pelo contrário: o esforço dos alunos e professores precisa ser louvado, e ações precisam ser empreendidas naquela instituição para que tenhamos condições melhores de trabalho e para podermos prestar um serviço educacional ainda melhor à sociedade piauiense. Parabéns aos meus diletos alunos pelo brilhante desempenho!



MARCOS LUIZ DA SILVA
ADVOGADO DA UNIÃO PROFESSOR DA UESPI.

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