sábado, 28 de janeiro de 2012

Teresina X Miami Beach


Quem conhece a mais bela cidade praiana do Estados Unidos da América, certamente não vai se espantar depois que forem feitas as obras que o meu colega Norbelino de Carvalho Lira está projetando para Teresina. Não se trata da construção de um edifício de 200 andares ou de uma barragem de 50 m de altura. Não, não é isso. Como é sabido, em Miami, na parte central da cidade, (Down Town), não existe um só semáforo; vale dizer, não há cruzamentos superficiais de duas ruas importantes, de grande transito. Há os elevados, isto é, uma via passa por cima da outra. Quando há intercessão de várias ruas no mesmo espaço, com várias opções de saída, há os viadutos multivias ou trevos de muitas folhas, como aquele mundialmente conhecido como Trevo de Miami. Naquela cidade, você não fica parado em semáforo, queimando combustível.

Pois aqui nesta querida e amada cidade, de comburente que custa os olhos da cara, você gasta a maior quantidade deste produto com seu carango imobilizado em semáforos. Quem é obrigado a cruzar os quatro sinais seguidos e de curta distância um do outro, da Praça do Marquês, fica conhecendo como não se deve sinalizar uma cidade. Um acende, outro apaga; quando abre, o da sua frente já fechou; quando novamente abre, o último do cruzamento, fechou. É muita tecnologia para barafundar um pequenino percurso. Mas não fica por aí, não. Ao passar a ponte estaiada, você alcança a Av. Inhinga, quase sem movimento de veículos, mas o sinal vermelho, nas horas de pique, acumula carro parado até o meio da ponte que o Mestre Isidoro cedeu seu nome. Entretanto, nesse confuso trânsito da Praça do Marquês, Norbelino, inteligentemente, resolveu com a conjunção de elevado com dois ramos e um viaduto que libera todas as direções, tais como: para o aeroporto, para a ponte estaiada, para as três avenidas confluentes à praça e para seguir para a ponte
Petrônio Portela. Este projeto viabiliza que as viaturas passem tranquilamente sem parar.

Solução técnica e inteligente. Quem vem da Av. D. Severino, para entrar na Av. Nossa Senhora de Fátima, pode desligar o motor e tirar um cochilo, que dá tempo. Também o cruzamento da Av. Duque de Caxias com a Av. Petrônio Portela, para atingir a ponte do mesmo nome, dá para resolver uma página de palavras cruzadas do Flávio Negrão, da Revista Caras. E há mais outros gargalos por toda a cidade. Para evitar todas essas singularidades no tráfego teresinense, o engenheiro Norbelino está estudando a implantação de 40 projetos de intercessões com elevados, trevos e binários, espalhados por toda a urbe. Vinte e três desses empreendimentos já estão prontos com equacionamento das dificuldades do trânsito. Todos com soluções
técnicas de alto nível, o que situará Teresina entre as poucas cidades do mundo dotada com trânsito inteligente.

Por último, o engenheiro Norbelino está estudando a circulação de veículos nas avenidas Jóquei Clube e Dom Severino, onde a genialidade, não se sabe de qual privilegiada inteligência, estreitou ainda mais essas avenidas de exíguas larguras, com centenas de tartarugas e colocou alguns círculos desenhados no solo, simulando uma rotativa, cujo objetivo é promover batidas diárias de carros, pois nunca se viu, em cidade alguma do mundo, uma simples rua ser preferencial a uma avenida de grande trânsito, com canteiro central e com duas pistas de rolamento.

Achei coerente a opinião de um colega que sugere que as referidas vias tenham um só sentido de tráfego.

 A Av. Jóquei Clube de Oeste para Leste e a Av, Dom. Severino de Leste para Oeste. Ignorase quando, mas o engenheiro Norbelino afirma que Teresina, assim que seus projetos forem implantados, não terá inveja da circulação de veículos de Miami Beach. Quem viver, verá. Deus Vobiscum.



HEITOR CASTELO BRANCO FILHO
DA ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS

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