sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Bom senso


O bom senso prevaleceu após dias de distúrbios em Teresina, causados pela intransigência de estudantes em ocupar vias, o que levou a prefeitura a refutar pedidos de negociação e a polícia a agir com rigor que muitos consideram força excessiva. Seja como for, no momento em que as manifestações se limitaram ao desagrado dos estudantes, o canal de negociação se abriu e finalmente triunfou a sensatez sobre a irracionalidade.

O acordo que põe fim aos protestos mantém o valor da passagem em R$ 2,10, amplia a integração das linhas e elimina o pagamento de 50% do valor da tarifa na segunda viagem – itens já previstos pela prefeitura – e amplia o tempo para uso de bilhete único em mais de uma linha integrada.

Muita gente torceu o nariz para o acordo – boa parte deles no ‘movimento’ que tomou as ruas de Teresina. Há sempre quem pense que um acordo é algo onde uma parte impõe e outra aceita. Não é. Acordo é algo em que todos cedem, todos perdem alguma coisa e ganham para tanto uma compensação. Por isso é que um acordo ruim é sempre melhor que uma boa briga.

Em Teresina deu-se um acordo que não pode jamais ser considerado ruim. Primeiro porque inaugura um tempo em que a conversação permanente é um imperativo para se ter um transporte coletivo de melhor qualidade – e isso só foi possível porque houve da parte da prefeitura e do prefeito Elmano Férrer a concordância, porque embora vivamos em um regime democrático, o poder público municipal está legalmente coberto para, discricionariamente, decidir sobre as tarifas dos serviços dos quais é concedente.

Se houve avanços que vão resultar, ao fim e ao cabo, em melhoria do sistema e redução do custo da tarifa para quem usa mais o transporte coletivo – ou seja, os trabalhadores e os estudantes – não se pode entender por que há pessoas criticando o acordo ou deplorando perdas – porque nesses episódios os maiores perdedores foram as empresas, com prejuízos financeiros e materiais e a Polícia Militar que, ao agir dentro da lei, teve sua imagem conspurcada por quem acha que em uma ação policial se pode tratar pessoas mal-educadas com uma urbanidade que elas não merecem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário