sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Diário


Sobre “Aquarela”, de William Melo Soares (Alto Longá, 1953), eis a definição do poeta: “Quero a vida/ Linda e leve/ Feito sonho/ Em aquarela de borboletas/ Ao vento”. Esclarecemos: Aquarela é um substantivo feminino que, em sentido figurado, representa a visão alegre ou otimista de uma época na expressão mais delicada do artista. Por outro lado, o poeta possui um estilo original e leve. Como se explica em seu “Estado de Garça” (para fugir da graça nossa): “De algum lugar distante/ Até onde a vista alcança/ Margem de rio ou vazante/ Me deslumbro apreciando/ A linha do voo brancura:/ A garça rumo ao ninhal”.

O jornalista e poeta Osíris Neves de Melo (Teresina, Piauí, 1905-1964), humilde e concentrado entre os literatos do seu tempo, um romântico essencialmente lírico, escreveu versos que os críticos - além de elogiar, mandaram que a preciosa peça fosse publicada nos principais jornais de Teresina. Osíris Neves de Melo brilhou – também -, na cidade piauiense de Piripiri (no jornalismo e na arte literária), razão de continuar lembrado pelo povo piripiriense. “Como em sonho de luz, na minha estrada/ Passaste... E ao ver-te os olhos doloridos,/ No grande anseio dos desiludidos/ Parei a olhar-te de alma deslumbrada./ “E na minha existência amargurada,/ Na tristeza real dos meus sentidos,/ Tu cantaste aos meus sonhos comovidos/ O poema da beleza iluminada.../ “Cantaste... E a tua voz, serena e calma,/ Espalhou suavizando os meus abrolhos,/ Doce consolação sobre minh´alma./ “Hoje trago dos sonhos meus perdidos,/ A sua imagem dentro dos meus olhos,/ E tudo que cantaste, em meus ouvidos”.

Do jornal literário Ágora (praça das antigas cidades gregas, na qual se fazia o mercado e onde se reuniam, muitas vezes, as assembleias do povo), o poeta João Carvalho Gonçalves Fontes (Oeiras, Piauí, 1964),
médico especialista em neurologia, fonte de influência em sua poesia direcionada ao amor, escreveu o lírico “Encontro”, caminho poético aberto para os amantes. “De frente um para o outro/ Estamos aqui/ Despidos
de toda mentira/ “Não há mais nada a dizer/ “Melhor é sair por aí/ De mãos dadas/ Dançando o universo na alma”.

O poeta e escritor Melquisedeque Viana (Melquisedeque de Castro Viana: Vargem Grande, Maranhão, 1941), é um jubilado piauiense porque pertence à Academia Piauiense de Letras Jurídicas (data de
fundação: primeiro de outubro de 1981). Ganhou o título de sonhador por ter lançado o melhor dos afetos na peça literária denominada “Espelhos do Ocaso”. “Nas pétalas das rosas/ Pus meu sentimento ao
mundo/ E colhi o perfume/ Do amadurecimento d´alma”.

 No livro “Poemas de Auto-Contemplação”, Luiz Gonzaga Paes Landim (São João do Piauí, 1941), criação literária de raro esplendor, encontramos o “Diário” d´alma do poeta incrustado no seu modo de agir. “A cada dia criamos o mundo/ E nem sequer nos damos conta;/ “A cada dia criamos a nós mesmos,/ O amor e o desamor que desaponta;/ “A cada dia imaginar a vida/ Por entre afagos de leve esperança,/ “A cada dia a morte pressentida,/ Uma ilusão qualquer que não se alcança;/ “A cada dia a espera, o encontro/ Sempre aliado de nós mesmos;/ “A cada dia a rotina, ou o espanto/ De existir sem nos conhecermos;/ “A cada dia o mal de cada dia,/ A certeza de algo que nos mata;/ “A cada dia o bem, a posse final/ Do sonho, a fantasia exata./ “A cada dia um traço, uma promessa,/ Uma vontade de chorar a cada dia;/ “A cada dia voltar ao tempo que nos vem/ - E pelas mãos aladas desce a poesia”.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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