quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Crack e ajuda aos municípios


A epidemia de crack atinge 98% dos municípios brasileiros. No Piauí, 127 das 224 cidades têm problemas de saúde agravados pelo consumo dessa e de outras substâncias entorpecentes - um número que pode ser até conservador, mas que certamente não causam surpresa, porque são bastante claros os sinais físicos e vivos desta moléstia psicossocial. Assim sendo, o que preocupa é a incapacidade que as autoridades municipais têm de lidar com mais esse problema.

A maioria dos municípios têm demandas não equacionadas nas áreas de saúde, educação, saneamento bá-
sico, limpeza pública e geração de emprego e renda. Faltam recursos tanto financeiros quanto humanos para se fazer tudo funcionar bem. Assim, o surgimento do crack como uma epidemia é um desafio ainda maior, porque quase ninguém sabe o que realmente pode e deve ser feito.

Apesar disso, está muito claro que dinheiro não é necessariamente o que os municípios precisam mais neste momento. O mais fundamental é mesmo dispor de pessoas preparadas para impedir que a epidemia se instale ou, em casos nos quais a droga já é uma triste realidade, adotar medidas capazes de contê-la. Só dinheiro usado sem que se saiba como aplicá-lo será um desperdício, o caminho mais curto para o fiasco de políticas de enfrentamento às drogas - crakc, principalmente.

A grande questão, portanto, é a de se fazer com que haja mais pessoas qualificadas para lidar com a doença – um papel que certamente caberá aos municípios em uma realidade na qual a assistência social foi repassada às prefeituras, ainda que a maioria delas nem tenha dinheiro nem gente qualificada para mais esse novo tipo de atendimento público.

Há sentido, com efeito, de que tanto a União quanto os Estados comecem a mobilizar recursos financeiros e pessoal qualificado para dar suporte aos municípios na qualificação de pessoas para lidar com a expansão do crack – posto que na trincheira da repressão o narcotráfico é ardiloso para vencer sucessivas batalhas ou sequer se deixar ser atacado.

Aos municípios, que assistem à desagregação familiar, à elevação de seus gastos com saúde, à piora de índices de evasão escolar, ao aumento de violência – tudo em razão do crack e outras drogas – é fundamental a ajuda estadual e federal para o enfrentamento dessa doença, que, aliás, mais parece uma maldição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário