quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A divisão do Brasil e do Piauí



A divisão Territorial de um pais deve ter em vista facilitar sua vida administrativa, diante de impossibilidade de uma só administração centralizar diretamente em suas mãos todas as relações do estado com o cidadão. Muitas vezes a divisão territorial é fruto da formação histórica do Pais. Tal é por exemplo o caso na formação inicial dos Estados Unidos, construídos a principio pela união de 13 Colônias subordinados à Inglaterra, que se federalizaram constituindo um só pais e foram acrescidos posteriormente de outros estados obtidos pela conquista ou pela compra. A nova divisão territorial na Espanha, que data de 1834, terminou com a história secular divisão, consequente à formação do pais pela reunião de vários reinos (Catalão, Leão, Navarra, Catalunha, Oviedo, Córnova, etc.). A Itália, logo após sua unificação, teve o cuidado de refazer sua união territorial, em moldes semelhantes ao da França, pois se os antigos reinos de Nápoles, Duas Sicílias, Republicas de Gênova e Veneza, etc. continuassem a persistir, despidos apenas de sua independência, ninguém diria que mais tarde não viriam a recobrá-la.



Como já foi dito, não é de hoje que vem sendo estudado o problema da divisão territorial brasileira, já em 1823 o ilustre brasileiro Antônio Carlos, um dos grandes Andradas, propunha uma nova divisão territorial
para o pais. Vários vultos eminente do Império mostraram-se interessados na solução deste magno problema. Entre eles poderemos lembrar Vergueiro. Evaristo da Veiga, Cândido Mendes, Sousa Franco e outros, existindo mesmo um trabalho apresentando uma solução completa, escrito em 1849, cuja autoria dizem caber ao grande historiador Varnhagem, escondido sob um pseudônimo, por ocasião na Proclamação da República, vemos a ideia defendida com ardor por Amaro Cavalcante, Rangel Pestana, Quintino Bocaiúva, Magalhães Castro e outros. Mais tarde colaboram no mesmo ideal Sílvio Romero, Carlos Maximiliano, Alberto Torres, João Ribeiro, Afonso Celso, Max Fleiuss, etc.

Em 1919, o Dr. Ezequiel Ubatuba, em conferência na Sociedade de Geografia, propôs uma solução para o problema. Em 1929, o autor deste artigo publicou um primeiro trabalho de sua vida na “Revista Defesa Nacional”, seguido mais tarde de outros na mesma revista, na “Batalha” e no “Jornal do Comércio”. Na época, se fosse dividido o Brasil, seria o seguinte: 1 Distrito Federal, 27 Estados e 39 Territórios, total de 67 unidades administrativas. A atual divisão do Brasil teve suas origens nas capitanias hereditárias, na época havia um total desconhecimento da Geografia e hidrografia do interior, o sistema então visado foi o que se afigurou mais simples, isto é, marcar um percurso de tantas léguas na costa ou rio traçar paralelos para o interior desconhecido.

O regionalismo em outros países caracteriza-se pelo amor à região em que se nasceu, pelas tradições locais, pelo dialetos, pela vestimenta característica, pelo culto à memória dos conterrâneos que tiveram a região
por berço e por várias outras características menos sensíveis. Tudo isso, entretanto, não conduz o povo a se sentir afastado da ideia de que a grande pátria está acima dos pequenas parcelas que a constituem. No Brasil, o regionalismo tomou um aspecto diferente, pois sua característica principal é amar o Estado de nascimento acima da nação e, se possível, usar de seu prestigio ou da sua força para impor a vontade aos mais fracos, ou a troco de seu apoio exigir tudo do governo Federal, em detrimento na coletividade.

No Congresso há pelo menos 14 projetos de propõem a criação de novos Estados. Se todos fossem aprovados, o pais ganharia 14 novas unidade entre Estados e Territórios Federais, passando a ter 41 no total. Só o que seria arrecadado de imposto daria para administrar o Estado. O restante seria investimento federal. Um acréscimo que não seria pouco. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou um estudo em que estima em 832, 14 milhões de reais o custo fixo anual de manutenção de um Estado no Brasil, sem considerar sua população de sua atividade econômica. E no nosso Piauí? Essa ideia de dividir o Estado não é de hoje, e nem da década de 80, surgiu também no começo do século XX, já naquela época tanto o Estado do Piauí como o futuro território do Gurgueia, já dividido com população, área e os limites. Já
hoje fica inviável dividir o Estado, imagine dividir um Estado pobre para criar outro? Esse discurso que vai melhorar é antigo. Pensem bem leitores, Mato Grosso e Goiás deram certo, é uma coisa; no caso de Tocantins, com a capital Palmas, tudo gira em torno do serviço público. Temos 10 deputados federais, 30 estaduais e 3 senadores, mas o que eles fizeram mesmo pelo Piauí? Qual o beneficio que trouxeram para nós? Será que dividir o Piauí vai melhorar? Ou vai ser mais uma cabine de emprego? População, abra o olho!




ANTONIEL DA SILVA LIMA
GEÓGRAFO  

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