quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A hora de aceita


Dois meses depois de a cidade ter sido tomada por uma onda de protestos, que resultaram em incêndio de ônibus e até fechamento do comércio, uma comissão multilateral concluiu como correta a fixação do valor da tarifa de transporte urbano da capital em R$ 2,10.


Na verdade, o valor a que se chegou com a análise das planilhas de custo atingiu R$ 2,14, mas ajustes propostos fizeram o valor recuar aos R$ 2,10 do reajuste fixado pela prefeitura, considerado elevado demais a ponto de causar os protestos.


O valor, claro, pode ser contestado pelos estudantes, cujo representante se retirou da comissão. A discordância, neste caso, configura-se um direito em um regime político em que se pode criticar tudo. No entanto, não é mais admissível que a refutação a um resultado técnico mova estudantes para as ruas, conforme já se começa a tentar fazer através das redes sociais.


Uma das evidências de que o protesto a qualquer preço se desenha está em uma manobra do representante dos estudantes, Cássio Borges, que se retirou da comissão que analisava os custos da tarifa. Seu gesto não é meramente um protesto. Carrega em si uma tentativa de não legitimar o resultado que ele previamente já sabia que ratificaria o reajuste concedido pelo poder concedente.
Em boa hora, o prefeito Elmano Férrer decidiu pela manutenção da tarifa atual de R$ 1,90, condicionando o reajuste à integração das linhas e, em seguida, à implantação do bilhete único. Na prática, adia-se para daqui mais alguns meses o reajuste, considerado justo pela análise dos custos do sistema.



Tudo bem, sem um reajuste agora cria-se uma zona de conforto temporária, mas verdadeiramente há que se
indagar como esse sistema vai operar com uma tarifa que lhe tira rentabilidade e cria a possibilidade de perdas, cuja redução certamente se dará com piora da qualidade do serviço prestado – que já não é dos melhores.

A prefeitura precisará agora correr contra o tempo para implantar um sistema de integração do sistema de transporte urbano, além de encontrar mecanismos compensatórios à defasagem no custo da tarifa. Não é tarefa fácil, mas possivelmente seja a única saída possível nas atuais circunstâncias.





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