quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Firmino Soares


Na explanação literária de 1880, Paris, França, o imortal Victor Marie Hugo, poeta, teatrólogo e romancista francês (Besançon, 1802-Paris, 1885), explorando todas as tendências do romantismo de que foi a figura central, e, em caráter essencialmente dramático, declarou com força épica: “Não há coisa mais estúpida do que vencer. A verdadeira glória é convencer”. E houve quem afirmasse num sermão dominical pregado no púlpito católico que “a fé é a bússola certa para as naves errantes buscando as praias da eternidade”.


Através das duas sentenças assentadas corretamente pela filosofia que é o estudo que se caracteriza pelo acendrado amor à sabedoria, chegamos (como os árabes) à seguinte conclusão: aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Assim, é que no momento pelo qual a notícia do falecimento correu mundo, tivemos a sensação de que o dentuço Firmino da Silveira Soares, o querido “bico de aço” do tempo de estudantada, puxara as lembranças do seu pai Modestino da Silveira Soares, o excelente panificador da Rua Olavo Bilac (Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac: Rio de Janeiro, 1865-1918), zona Sul de Teresina (segunda capital do Piauí. A primeira, foi Oeiras), cruzamento com a rua 24 de Janeiro (a
data é alusiva ao ano 1823, ocasião em que nas lutas da Independência do Brasil, os oeirenses libertaram a cidade que estava em poder dos portugueses).


Firmino sabia que o pai era um forte paraibano de Mamanguape (1860, data sem confirmação). Vivera por aqui, até 1945, ano do falecimento. E jamais negou que o forte nordestino oriundo da Paraíba, se transformara num pioneiro na panificação teresinense, além dos encargos que assumira na fabricação de cigarros, em parceria com o industrial José Camillo da Silveira (João Pessoa, Paraíba, 1899-Teresina, Piauí, 1967), um dos responsáveis pela existência da Fábrica de Fiação e Tecidos do Piauí (extinta), e que funcionava nas imediações do rio Parnaíba, na Rua João Cabral (João Crisóstomo da Rocha Cabral: Jerumenha, Piauí, 1870-Rio de Janeiro, 1946). Adiantamos que Modestino da Silveira Soares sempre convocado para as lides políticas do Governo do Estado (1927), presidiu a Junta Comercial do Piauí e, com honraria, obteve o posto de Capitão da Guarda Nacional, distinção concedida aos notáveis homens públicos do Brasil (sic). Consequentemente, a primeira metade do século passado (20), registrou o ciclo comercial das grandes padarias. Entre as maiores, as capazes de suprir o abastecimento da antiga “chapada do corisco” (apelido concedido à cidade instituída pelo baiano Conselheiro José Antônio Saraiva: Santo Amaro, 1823-Salvador, 1895), destacamos a Padaria Santa Teresinha (Ávila, Espanha, 1515-1582. Venerada a
15 de outubro), que estava localizada na Praça Landri Sales (Landri Sales Gonçalves: Acaraú, Ceará, 1904-Rio de Janeiro, 1978), logradouro mais conhecido por Praça do Liceu, pertencente a Roldão Castelo Branco (Luís Correia, Piauí, 1894-Teresina, Piauí, 1954). Ademais, havendo o desejo da citação sobre outras padarias existentes em Teresina, colocamos em evidência as que pertenceram aos árabes Jorge Cury e Adad, ambas localizadas no trecho comercial do Mercado Velho. O essencial – porém -, é seguir a trajetória familiar do principal fabricante de pães, uma vez que a tradição preservou o sentimento do filho Firmino da Silveira Soares. Daí, o surgimento industrial da Mapil, fábrica especializada em biscoitos, massas alimentícias e café em pó, conhecida até demais no Norte e Nordeste do Brasil (não nos é permitida a chamada análise sobre os motivos da liquidação empresarial da Mapil). Já septuagenário, Firmino da Silveira Soares tem que ser lembrado pelos pósteros. Interessa-nos o modelo de estudante que gratificou o nome do Liceu Piauiense (criado pela Resolução Provincial 189, de Oeiras, 4 de outubro de 1845) e pelo trabalho eficiente realizado antes da extinção do Clube Tabajaras, localizado na Socopo, na saída para União. Pela persistência e pela honestidade com a qual afinou a sua afirmação de gestor abnegado numa vida correta, a sua provecta existência está consubstanciada na pessoa de Firmino da Silveira Soares Filho, ex-prefeito de Teresina por duas vezes e, presentemente, deputado estadual pelo PSDB. Enfim, a homenagem que concedemos ao “bico de aço”, conta com o acréscimo da sólida frase: Somos criaturas que acabam vivendo os sentimentos das pessoas que amamos.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR  



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