sábado, 7 de abril de 2012

Um amigo, Jaime Amorim


Conheci Jaime Amorim Júnior há oito anos, quando ele me foi apresentado pela sobrinha Juliana Ferreira de Carvalho Martins. Desde logo pude sentir a grandeza do seu caráter e retidão dos seus procedimentos. Jovem de sorriso fácil, raciocínio rápido e dotado de uma memória prodigiosa, conquistava as pessoas no primeiro encontro.

Dona Margarida, sua mãe, sempre soube disto, do quão era dedicado, bom e inteligente. Foi um filho presente, tornou-se esteio no lar materno conferindo amor e distribuindo solidariedade. Começou a trabalhar muito cedo, adolescente, dividindo seu tempo com os estudos, os jogos de futebol e brincadeiras com os amigos de bairro. Um lutador.

Soube fazer amizade. Os amigos dos primeiros anos de vida a eles sempre se manteve fiel. A esses velhos companheiros, reservava as tardes de sábado para se reunir com eles onde se conhecera, reafirmando laços de amizade e respeito. Cultuou os colegas de escola pública, os contemporâneos de universidade, os colegas de trabalho, por onde teve oportunidade fez e estreitou afeições que se tornaram imorredouras. A fidelidade era um sentimento que ele cultivou com muito afinco. A sua trajetória de vida profissional foi
conquistada pelo mérito. Ele venceu todas as barreiras que lhes foram impostas, deixou para trás as iniquidades sofridas, esqueceu os dissabores, moldou-se uma criatura maravilhosa. Graduou-se em Direito pela Ufpi, depois foi sendo aprovado em concursos até chegar ao seu porto seguro no Tribunal de Contas do Piauí como Auditor Fiscal e Conselheiro Substituto. Com o mesmo respeito com que recebia uma autoridade igualitariamente se dedicava as causas dos mais simples, aqueles últimos, os esquecidos. Foi professor do Cefet onde, por sua dedicação e respeito ao aluno, procurava dar o melhor de si. Um vencedor que manteve a humildade.

Apesar dos vinte e dois anos de diferença de idade que nos posicionava isto não construía nenhuma barreira. Sempre havia um espaço para compartilharmos de uma cervejinha. Ele, amante das belas letras, profundo estudioso da história do Brasil, da alma brasileira, foi um leitor compulsivo de Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, Darcy Ribeiro, Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, Celso Furtado... Um assunto que pouco se interessava era a política partidária, procurava passar ao largo, tergiversava quando a conversa se voltava para esse tema. Como homem de fé se apegou às festas religiosas de Oeiras, indo para lá nas Semanas Santas, onde efetivamente participava das suas solenidades e procissões, especialmente a do fogaréu. Ano passado fez todo aquele percurso carregando seu pequeno filho André Luís Ferreira de Carvalho Amorim, ensinando-o a amar a Deus. Frequentava a igreja, participava de movimentos católicos como o de encontros de casais com Cristo.

Bom marido se dedicava inteiramente a esposa Juliana e ao filho André Luís. À sua mulher devotava o seu amor e fidelidade de esposo sensível e participativo. Ao filho reservava tempo para compartilhar de sua vida, pena que tão pouco foi. Quantas vezes ele chegou do trabalho, à noite, e ainda tinha tempo para jogar bola com o filho. Ensinou e deixou lições para todos nós. Essa carreira ascendente não teria estacionado por aí se sua vida não tivesse sido ceifada. Entretanto, nós humanos temos nossa existência condicionada a uma medida de tempo terrestre que no plano de Deus é diferente. Ficou a saudade, uma lacuna que sempre será lembrada pelos que o conhecera. Adeus Jaime. Passamos a conviver no mesmo ambiente familiar. Quanto mais ia se enraizando a amizade mais o admirava. O seu casamento foi um acontecimento impar inesquecível. Como pouco tinha me aprofundado no sua trajetória, pude perceber o quanto ele era cercado por amigos, incondicionais, muito querido. As pessoas se se aproximavam dele sentiam-se atraídos pela sua
personalidade forte ao mesmo tempo humilde e desprovida de qualquer arrogância.




ANTONIO REINALDO SOARES FILHO
EX-PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO DE OEIRAS

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