sexta-feira, 20 de abril de 2012

Para flor de Amarante


O poeta João de Carvalho Gonçalves Fontes (Oeiras, Piauí, 1964), em ”Voz e Verso”, livrete publicado agora, 2012, resolveu com tamanha concisão aconchegar a poesia curta à beleza de doirados versos. É como se vê na “Nova Era” do seu trabalho literário: “O casulo virou/ Borboleta/ No jardim/ De minha alma”. Esclarecemos: Concisão foi empregada por nós a fim de considerá-la como exposição das ideias do poeta oeirense. Em poucas palavras, lucidez constatada.

O centenário de Raimunda Nonata de Castro, conhecida filha da cidade de Amarante, nascida em 1911, vida devotada à terra natal, teve a sua biografia realçada por uma coorte de valiosos literatos piauienses. Retratá-la em importante livro, patente realçar o apelido “Nasi” como “rara flor de Amarante”, mulher abençoada por Deus.

Esclarecemos: a palavra coorte tem aqui significado de multidão de pessoas (sic). A respeito da expressão: retratá-la, tivemos o interesse de colocar em evidência a valiosa presença de Nasi no panteão literário piauiense.

No discurso de posse (24 de janeiro de 1998), na presidência da Academia Piauiense de Letras (data de fundação: 30 de dezembro de 1917), o conceituado Celso Barros Coelho (Pastos Bons, Maranhão, 1922), declarava: “Minha eleição só se justifica pela confiança que a convivência desperta. E o compromisso é o sinal de que não foi em vão a escolha que me conduziu até aqui. Somos poucos, mas o que importa considerar é a qualidade”. Celso Barros presidiu a Academia Piauiense de Letras, período: 1998-1999.

Do poeta João Ribeiro de Carvalho Neto (Amarante, Piauí, 1944), colocamos em evidência os versos de sua “Magia” literá- ria: “Poeta/ Que navegas/ Entre o corpo e a sombra/ Entre o texto e a essência/ Estarás repleto/ No cais abandonado; Puro/ No amor inquilino/ Eterno/ No mar infinito/ Eterno teimosamente eterno”.

O notável Benedito Francisco Nogueira Tapety (Oeiras, Piauí, 1890-1918), vitimado pela tuberculose (a casa em que morava, na Fazenda Canela, foi purificada pelo fogo. A rede, as roupas, os calçados, os papéis que abrigavam os trabalhos literários, quase tudo queimado. Na ocasião, fogueira ardendo, curiosos perguntando o porquê de tanto fogo, a desculpa dos ímpios foi a seguinte: “a tuberculose não se alastrará para outros locais. Ficará restrita só na Fazenda Canela, propriedade deste infeliz homem”. No entanto, o
incrível soneto “Teia de Penépole” (esposa de Ulisses, rei de Ítaca, Grécia, fiel e paciente, esperou dez anos pelo retorno do marido que participava da Guerra de Tróia. Sem ter notícias do marido, Penépole acreditava no retorno de Ulisses, são e salvo. Ademais, o herói grego inspirou o poeta cego Homero, também grego, aos ditames da Ilíada e da Odisseia, com episódios mitológicos colocando em cena o conflito iniciado com o rapto da bela Helena, esposa de Menelau (rei de parte da Grécia), pelo jovem Páris, da nobreza troiana), conseguiu escapar da destruição. Ei-la, agora, na sua plenitude poética: “Penépole tecendo e destecendo a trama,/ Num trabalho incessante, improfícuo e exaustivo/ Simboliza este amor fatal que nos inflama/ A cuja ação ela há de viver, como eu vivo./ “Ao seu lado fui sempre inexpressivo e esquivo,/ Entretanto, hoje, ausente, em mim tudo a reclama/ E ela que me foi sempre um vulto fugitivo,/ Há de a esta hora, sentir que sua alma me chama./ “Ah! Capricho cruel, como dói teu afeto/ Que me isola inda mais na minha soledade/ E um deserto sem fim vem semear no meu peito./ “Agora, busco-a em vão na maior ansiedade,/ Desgraçado que eu sou, pois nem sinto o direito/ De invocá-la através desta amarga saudade”. Esclarecemos: Nogueira Tapety empregou a palavra soledade a fim de significá-la solidão.





CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

Nenhum comentário:

Postar um comentário