terça-feira, 24 de abril de 2012

Mercado e agricultura familiar


A ideia de sustentabilidade, sobretudo no setor primário da economia, segue apenas como uma boa intenção. Os esforços de governo e sociedade na direção de uma agricultura familiar mais produtiva e menos dependente têm sido ora vãos, ora equivocados porque há um divórcio entre o que os gestores se propõem a fazer e o mercado quer, precisa e pode consumir.

Tomemos o caso da cidade de Teresina e seu entorno – que certamente se presta pela similaridade com outros aglomerados urbanos: a agricultura familiar tradicional, livre ou com baixa utilização de insumos químicos, voltada para gerar excedentes pequenos e produtos de alta qualidade não consegue atender de modo satisfatório esse mercado.

O enorme abismo que separa o produtor tradicional do mercado é um dos problemas que precisam mais urgentemente ser superados. É, portanto, imperativo que a agricultura familiar seja avistada pelo viés de um negócio que pode e deve ser lucrativo, capaz de gerar não somente excedentes na produção, mas dinheiro na conta do pequeno proprietário.

Neste sentido, é razoável que, sobretudo no governo, estabeleça-se um clima de cooperação entre a agricultura familiar e o agronegócio – que muitos veem equivocadamente como atividades econômicas excludentes, quando, na verdade, precisam interagir. É mais do que nunca necessário que se combata uma
postura excludente entre os dois ramos de uma mesma atividade.

Quanto maior for o rendimento da agricultura tradicional, pelo uso de tecnologias, maiores serão os rendimentos das pequenas propriedades. Contudo, fazer crescer produção e produtividade somente é positivo se forem rompidos os obstáculos que desfavorecem o pequeno agricultor e criador – vitimado muito mais por mecanismos perversos de mercado, como o atravessador – pelo agronegócio tão demonizado no Brasil.

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