segunda-feira, 30 de abril de 2012

Lá vem o Brasil descendo a cachoeira


É, e como escândalo pouco é bobagem,
eis que o país se vê novamente às voltas com a falta de ética e atos indecorosos de corrupção (ativa, passiva, seja como for). O certo é que a descoberta das relações muito perigosas entre um senador da República e um contraventor (travestido de empresário), infelizmente mostra como funciona os bastidores políticos na capital federal. E é provável que esta CPI vá descer fundo nessa cachoeira.

Ao que tudo indica, há um verdadeiro balcão de negócios instalado nos corredores políticos federais, em defesa de interesses pessoais, o que nos faz lembrar o famoso personagem Justo Veríssimo, do genial Chico Anysio (que nos deixou órfãos de seu humor recentemente) quando dizia: “... e pobre que se exploda”, porque é impressionante como os políticos menosprezam os valores éticos e desconhecem limites para seus devaneios.

É absurdo que um senador, como o exDemo Demóstenes Torres acreditasse cegamente na farsa que criou para si, utilizando duas caras para o mesmo personagem (e olha que isso não é novela). Mas a TV também já teve seu Demóstenes, um certo prefeito pra lá de espertalhão. Enquanto isso, o povo brasileiro mostra sua cara (que é única) e seu valor trabalhando duro, pagando impostos, se virando nos trinta, em grandes
centros ou em cidades pequenas e sem direito a altíssimos salários, verbas indenizatórias, auxílio paletó e tantas outras mordomias que servem aos senhores políticos. Enfim, não dá para entender mesmo essa matemática e a falta de justiça é evidente. Para o povo, tudo não passa de uma cachoeira de ilusões.

Os professores, por exemplo, formam uma categoria que não apenas merecem, mas necessitam receber salários dignos para permanecer na carreira, porque senão logo mais não restarão mais mestres motivados a continuar atuando em salas de aula, onde muitas vezes são agredidos e desrespeitados. Afinal, foi-se o tempo, infelizmente, em que os amados mestres eram valorizados por toda a sociedade. Hoje, muito pelo contrário, a categoria vive numa selva de pedra. E bem diferente daquela de Janete Clair.

Mas, voltando a Brasília, caro leitor, onde nada se perde tudo se multiplica e muito se negocia, todos estão em polvorosa com os acontecimentos e a sociedade sem referência ética, mas, atenta à necessidade de dar um basta na corrupção e nos corruptos que se beneficiam com o dinheiro público em detrimento dos interesses coletivos. E nada como uma CPI para revelar a verdade dos fatos. É isso aí, pode esperar, então. Lá vem o Brasil descendo a cachoeira.




LILI CAVALCANTI
ESCRITORA

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