terça-feira, 3 de abril de 2012

Discurso demagógico


A disputa pela Reitoria da Universidade Federal do Piauí, que representa muito mais que a honra e a magnificência do cargo de dirigente, posto que em jogo está um orçamento de R$ 400 milhões, começa a gerar uma série de acusações de parte a parte – como convém em refregas nas quais menos importam projetos e mais interessam as vaidades ou, pior que isso, as visões comezinhas de mundo.

O primeiro ponto da discussão é sobre o exercício do voto. O Ministério da Educação divulgou nota técnica na qual põe fim a processos de escolha de reitores e diretores de escolas federais pela composição dos públicos votantes na proporção de um terço para cada um. Estabeleceu que um processo de escolha de dirigentes precisa ter nos professores um peso eleitoral de 70%, ficam 30% para alunos e servidores. Isso significa um golpe de morte em qualquer pretensão de se fazer eleição direta para reitor.

Mesmo assim, como precisa escolher um novo dirigente, a Universidade Federal do Piauí buscou uma alternativa.

Poderia simplesmente seguir o que o MEC estipulou. Sob esse aspecto, o processo se revestiria de uma ação elitista – portanto pouco democrática, muito embora legitimada pela argumentação de que os docentes formam o corpo permanente e básico da instituição.

Diante do fato claríssimo de que um processo em que professores tenham o poder de, sozinhos, decidir os rumos da instituição, o Conselho Universitário da UFPI decidiu fazer uma consulta informal, mantendo a distribuição dos votos em um terço para os três segmentos que a formam, ratificando o resultado da consulta, com óbvia redução do peso dos docentes no ato eleitoral. Desse modo, não se poria o processo sob risco de ilegalidade e ainda se preservaria o aspecto democrático da consulta.

Mesmo diante da nota técnica do MEC que enquadra as universidades e traz consigo um enterro sem glórias da experiência eleitoral direta nas instituições, pratica-se um discurso demagógico contra o reitor da UFPI, Luiz Junior.

Obviamente que parece essa uma fala equivocada, porque o reitor, ouvindo o Conselho Universitário, decidiu por uma consulta informal, que não fere a norma e será a base para decisão da lista tríplice a ser encaminhada a Brasília para escolha do novo reitor, num esforço louvável para tornar mais democrático
algo que Brasília tornou um tanto quanto antidemocrático.

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