domingo, 1 de abril de 2012

Cultura e dinheiro


Uma das queixas mais frequentes de artistas e intelectuais é a falta de dinheiro, sobretudo público, para incentivar a cultura. É verdade que a parte dos orçamentos públicos para cultura é muito pequena e que quanto menor o Estado ou o município, mais ínfima é verba destinada a atividades artístico-culturais, a equipamentos como museus, teatros bibliotecas e escolas de dança.

Mas é igualmente verdadeiro que gente que faz cultura não se mobiliza nem consegue mostrar claramente a importância econômica de suas atividades – que ao fim e ao cabo é o que interessa em um país capitalista.

Um dos problemas mais claros é a ausência de diagnósticos precisos de quanto pesa a cultura na formação do Produto Interno Bruto – PIB. Só muito recentemente se começou a falar na geração de empregos e de renda pela via cultural, quando se sabe que de há muito essa é uma atividade que envolve muita gente e sem dúvida tem uma indiscutível importância econômica.

O reconhecimento ainda que tardio de que a cultura não é um ato de diletantismo de gente lírica que vive
no mundo da lua pode ser capaz de produzir algo bastante positivo: o aumento do interesse dos setores público e privado pelo incentivo cultural. Isso porque a relação custo-benefício sem dúvida se mostrará mais favorável.

Tomemos o exemplo da música, a mais portátil das manifestações culturais, a mais consumida, com efeito. É claro que muitos podem ver boa parte da música como puro entretenimento, mas isso não tira dela a sua importância econômica. Hoje, com tantas casas de shows, bares e restaurantes que oferecem música ao vivo em cidades como Teresina, essa se tornou, sim, uma atividade econômica importante no que poderemos chamar de cadeia produtiva do entretenimento e cultura.

Então, parece adequado que o setor cultural esteja atento também ao dinheiro que pode produzir por si próprio e não apenas em razão de um mecenato com dinheiro público ou produzido via renúncia fiscal. Provavelmente, ao gerar trabalho e renda, a cultura seja percebida também pela sua importância econômica.

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