terça-feira, 10 de abril de 2012

Água, bem econômico


Classicamente, do ponto de vista econômico, a água é um bem natural. Sob este aspecto, com efeito, não poderia ser economicamente mensurado e possivelmente não se poderia dar a ela a condição de mercadoria (commodity) ou de bem de capital. No entanto, parece bastante adequado em tempos atuais rever tais conceitos.

Como é preciso trazer para o nosso espaço geográfico piauiense o tema, então vejamos alguns dados. Primeiro é que temos bastante água ou potencial hídrico não utilizado, subutilizado ou mal utilizado. Segundo ponto é que não havendo uso adequado, a água pode, sim, ser considerado um ‘bem natural’. Terceiro ponto: o Estado carece rapidamente de agir para transformar suas potencialidades hídricas em um ativo econômico, seja como commodity seja como bem de capital.

Essa proposição pode até parecer absurda em um Estado que no atual momento discute formas de atender populações afetadas pela estiagem e que teve perdas consideráveis em face da irregularidade das chuvas no tempo e no espaço geográfico. Porém, verificando que perdas agrícolas ocorrem paralelamente a uma safra de grãos recorde no cerrado, temos que ter em mente a necessidade do uso econômico da água como fator de produção agropastoril em todo o território piauiense.

É certo, então, que deveria o Estado do Piauí correr mais velozmente na criação de um sistema eficiente de gerenciamento de seus recursos hídricos. Para começar, governo e sociedade precisam tirar do papel os comitês de bacia, que são uma realidade distante aqui, enquanto em Estados como o Ceará todos os comitês foram criados e funcionam.

Criados os comitês, se poderiam ser definidas linhas de utilização econômica e social das águas, que podem atualmente ser usadas por qualquer um, sem qualquer custo, sem fiscalização e, pior, com possibilidade de danos graves que serão repartidos não somente com todos no presente, mas com todas as gerações futuras.

Passos iniciais para melhor uso econômico e social da água no Piauí, com efeito, precisam ser dados. Não se podem mais é ficar em uma situação de inépcia e de inércia diante de um tesouro hídrico que, de tão ignorado e enormemente mal usado, nem servirá às gerações atuais, tampouco será de alguma utilidade para gerações futuras.

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