sábado, 15 de outubro de 2011

Riscos legislativos

Congresso Nacional se encontra entre as instituições menos admiradas pelos brasileiros. Faz dobradinha nessa posição de infortúnio junto à opinião pública com os partidos políticos, onde está matéria-prima da qual se formam as duas casas do Parlamento brasileiro.

Na última pesquisa do Ibope sobre a confiança dos brasileiros nas instituições, realizada no começo deste mês, apenas 35% disseram confiar no Congresso; os partidos tiveram que se contentar com 28%. Em 2010, os partidos tinham 33% e o Parlamento estava com 38%.

Felizmente, a desconfiança em relação aos congressistas e aos partidos políticos não parece ter minado a confiança social em outras instituições governamentais. Caso das Forças Armadas, com 72%, e da polícia, com 55%. O governo federal tem a confiança de 52% dos brasileiros, mesmo nível depositado no sistema eleitoral. A presidente Dilma, bem avaliada pelo público, tem 60% de confiança. O sistema público de educação é confiável para 55% dos brasileiros.

Se a maioria das pessoas confia em estruturas ou instituições oficiais de poder, por que desconfiaria muito do Legislativo e dos partidos políticos que estão presentes na Câmara e no Senado? Uma boa razão é seguramente a incapacidade de punir seus membros envolvidos irregularidades de toda monta.

Nem o Congresso Nacional nem os partidos podem exibir um histórico positivo quanto a isso na última década. Pelo contrário: o corporativismo e o protecionismo só pioraram e evidentemente que deram nefanda contribuição para tornar ainda mais negativa a percepção que o público tem dessas instituições.

Enquanto o Executivo, ainda que de modo bastante módico, venha agindo ao menos para dar satisfações à sociedade cansada de tantos escândalos em série, no Legislativo têm sido cada vez
mais frequentes os casos em que os ritos de investigação de denúncias deságuam em um oceano de pouco caso com a opinião pública.

Não se espere do Congresso mudanças significativas com o objetivo de melhorar a imagem que a sociedade tem das duas Casas que o formam. Mas não custa lembrar que Câmara e Senado são financiados com recursos públicos e devem dar explicações à sociedade – o tempo todo. Se não o fizerem, vai chegar um dia em que, além de não mais confiar em deputados e senadores, haverá uma maioria que pensará neles como pessoas prescindíveis para a boa governança.


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