sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Província Submersa

Indescritível é o livro “Província Submersa”. Tornando consistente crônicas teresinenses do século XX. Assim, o laureado escritor Geraldo Almeida Borges (Belém, hoje Palmeirais, Piauí, 1941), revelou personagens, mitos e monumentos. Originalidade histórica que nos faz lembrar outras publicações de sua autoria: “Seca Seculorum”, Flagelo e Mito na Economia Rural Piauiense” (parceria com o sociólogo Manoel Domingos Neto (Fortaleza, Ceará, 1949) e “Cronologia do Piauí Republicano, período 1889-1930 (parceria com o historiador Francisco Alcides do Nascimento (Teresina, Piauí, 1952). No livro recém-lançado em várias regiões brasileiras, personagens como
A. Tito Filho (José de Arimathéa Tito Filho: Barras, Piauí, 1924-Teresina, Piauí, 1992), cronista do amor pela querida Teresina e Alberoni Lemos Filho, um dos fundadores do lendário “Beco”, local de boêmios, fantasiado pela crônica que ele mesmo publicou na imprensa de Teresina. Mitos como o livreiro Antônio Nobre (Antônio de Aguiar Nobre: Caxias, Maranhão, 1926-Teresina, Piauí, 1986) e
João Clímaco d´Almeida (Teresina, Piauí, 1910-1996), mais conhecido como Joqueira porque sempre intrometido em querelas políticas. E na questão dos monumentos, o friso sobre o processo histórico literário, ressaltando o Arquivo Público, relicário suntuoso do passado e o Palácio de Karnak, antes instituto educacional e, atualmente, a casa político-administrativa dos governadores, fiéis guardadores das lembranças que redundaram nos acontecimentos marcantes da capital dos tempos idos. Enfim, excelente livro para o honroso final consolidado pela máxima de Lucídio Freitas (Teresina, Piauí, 1894-1921): “Procuremos, pois, saber o que fomos, estudando os nossos maiores, analisando-os à luz de uma crítica severa e justa, para daí tirarmos a flor iluminada de nossa glória”.

Depois de perder os dois filhos: Alcides Freitas (Teresina, Piauí, 1890-Campo Maior, Piauí, 1913) e Lucídio Freitas), Clodoaldo Severo Conrado Freitas (Oeiras, Piauí, 1885-Teresina, Piauí, 1924),  escreveu a belíssima poesia: “Dor de Pai”, dividindo-a em duas partes (a peça literária foi publicada em 1925 e colocada na Revista da Academia Piauiense de Letras, instituição fundada em 30 de dezembro de 1917). Na primeira parte, o esplendor... “Dou-te esperanças que não tenho, e ponho/ Nessa doce ilusão minha ventura.../ Mártir do Amor de pai, quanta amargura/ Me punge ao despertar de cada sonho!/ “Eu nunca me prostrei ante os altares/ Nem mais invoquei de Deus o nome;/ Vendo, entretanto, o mal que te consome,/ “Ergo, contrito, no céu tristes olhares!/ Bem sei que as leis fatais da Natureza/ Não se amolgam jamais ao nosso pranto,/ Não tem jamais da nossa dor piedade!/ “Na agonia mortal desta certeza,/ Contemplo a definir, cheio de espanto,/ Gênio, glória, realeza e mocidade. Na segunda parte, o martírio. “A esperança é o pão dos desgraçados.../ Dele há muito me venho alimentando!/ Onde o coração humano e quando/ Golpes tão fundos recebeu dos fados?.../ “Pobre Corina, companheira aflita,/ Mais do que eu, talvez desatinada!/ Ai mãe! Triste mulher! Tão malfadada/ Foste em tua prole, Niobe bendita!.../ “Sofro dobrado, filho, o teu tormento,/ Todo meu ser concentro nas tuas dores,/ Minha vida, minh´alma, e pensamento!/ “Sofresse o teu sofrer e eu pudesse/ Transferir para mim tantos horrores,/ Talvez menos horrores padecesse... Esclarecemos: o notável Clodoaldo Freitas empregou Niobe na explicação de um nome próprio significativo de “branca pureza”.

Em 1919, a Revista da Academia Piauiense de Letras publicou o soneto “Contraste” do insigne
literato Lauro Pinheiro (Barras, Piauí, 1852-Porto Murtinho, Amazonas, 1919). Meses depois do seu
falecimento, ele que foi um dos fundadores do nosso mais importante sodalício, houve a sua
consagração popular. “Sei que ardente paixão teu peito aquece/ E que a ti também quer um peito amigo,/ Um peito em que teu peito encontra abrigo,/ Um peito de mulher, que não te esquece./
“Assim, teu coração nunca padece,/ Vive tua alma e vive o amor contigo;/ Folgas tranquilo, enquanto que comigo/ Justamente o contrário é que acontece./ “Porque tenho vivido sempre amando,/
Sofredor, jamais pude gozar calma/, A vida sempre assim atravessando;/ “Atrás de mim, por onde
vou passando,/ Vão ficando pedaços de minh´alma,/ Do coração pedaços vão ficando”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário