domingo, 16 de outubro de 2011

O nó da gravata do Silas


Vez por outra, o competente apresentador Silas Freire, antes do início do seu programa - e sem constrangimento -, se deixa filmar (ao vivo) ao lado de um colega de trabalho, com este fazendo o nó de sua gravata. Quem nunca viu a aludida imagem e vê o jornalista elegantemente vestido, pode até jurar que é ele quem se veste por completo. Talvez ele nem saiba fazer o referido nó. Muitas das pessoas que conheço e que usam terno não sabem fazer o belo e charmoso laço na gravata.


E o ‘Caso Fernanda Lages’ já é, de longe, o crime mais comentado e complicado do Piauí. Por conta das muitas especulações, mistérios, comentários vãos, erros, etc. O Estado foi testado desde a descoberta do corpo da jovem, naquela manhã de agosto, e mostrou-se incipiente. Em princípio, não houve o isolamento adequado. Para que uma perícia não tenha prejuízos, o isolamento do local de crime deve ser bem feito, e nem familiares da vítima, nem o delegado da área, nem a presidenta Dilma pode ter acesso ao local antes
da perícia criminal. E isso não aconteceu no caso em voga. A função das PMs, em casos como esses, é a de preservar qualquer vestígio que possa resultar em prova para um futuro indiciamento de algum acusado, ou para a elucidação do que aconteceu. Errando também se aprende.


Acredito que outra falha notável é a Polícia Civil só ter solicitado as imagens, feitas pela imprensa, mais de 30 dias depois do fato ocorrido, visto que alguns repórteres chegaram bem antes que a perícia criminal. De
falha em falha, a opinião pública pôde fazer seus enlaces, atar e desatar seus nós. Esse crime lamentável ajudou a mostrar as fragilidades do aparelho de segurança. O Estado não tem a capacidade de fazer os exames periciais mais elementares, a ponto de recorrer à vizinha Paraíba. É notória a histórica falta de investimento em segurança pública.


Ainda bem que as autoridades públicas envolvidas no caso estão, aos poucos entrando em sintonia. Senão tudo ficaria mais complicado. Disputa entre membros de dois órgãos, como o Ministério Público e a Polícia
Civil, não tem vencedor, e quem perde é a sociedade, pois ambos têm relevante papel na busca da verdade.


Os Estados Unidos, se não estiver enganado, são compostos por 51 estados. Destes, 12 ainda detêm a pena de morte.

Aquele país dá as melhores condições para que suas autoridades (polícias técnicas e científicas) façam uma das melhores investigações do mundo, com ‘perícias inquestionáveis’. Mesmo assim, com tudo de mais inovador à disposição de seu aparelho de segurança, está comprovado que mais de 20% das pessoas que são condenadas e mortas naquele país são inocentes.


Assim como a gravata que se apresenta bem alinhada, perfeita, e seu nó não foi feito por quem a enverga, embora jurem que foi, é preciso ter cautela para não acusar inocentes ou inocentar culpados - figurão ou figurinha -, sem a devida comprovação, só na base do disse me disse, de especulações. É preciso que
sejam exauridas todas as dúvidas; juntadas todas as peças ‘do quebra cabeça’. Sem açodamento. Pois num Estado que não dá condições para se fazer uma investigação bem feita, as autoridades têm que ser mais zelosas ainda que as dos EUA, para também, em muitos casos, não cometerem injustiças. A humanidade, em dois momentos de insensatez e ansiedade cometeu dois grandes erros: o maior foi ter levado Jesus Cristo à crucificação; outro foi ter levado Adolf Hitler ao poder.

Cautela também é prato para se comer frio.




VIDAL CARVALHO
SOLDADO DA PM/PI






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