sábado, 8 de outubro de 2011

Mérito universitário


Há cerca de três semanas, em discurso na Câmara dos Deputados, o congressista piauiense Paes Landim (PTB) defendeu que as universidades brasileiras atuem mais focadas nas áreas de interesse de suas regiões, concentrando cursos de excelência, buscando desempenhos melhores e não somente se expandindo sem preocupação com a qualidade.

O discurso de Landim demonstra a necessidade de o país melhorar seu ensino universitário – tanto público quanto privado. Essa perspectiva, porém, não pode ser dispersa: o foco dos investimentos em ensino, pesquisa e extensão deve estar relacionado a resultados na vida das pessoas. De nada adianta ter-se uma universidade cujo trabalho não muda a realidade do seu entorno e, claro, do país. Não é bom que as universidades se tornem nichos inúteis de excelência, uma espécie de ilha da fantasia do conhecimento e do saber.  

Não é razoável que o país gaste todos os anos bilhões de reais em ensino superior e não consiga formar os profissionais necessários para tocar a economia em tempos de expansão do PIB. Igualmente não é aceitável que as universidades brasileiras não consigam produzir pesquisas que cheguem ao cotidiano das pessoas, concorrendo para uma transformação positiva. Isso decorre em boa parte da falta de uma política mais focada nas potencialidades regionais, em demandas sociais, sanitárias e econômicas, sobretudo para as regiões menos ricas ou com menor desenvolvimento.  

A distância entre a universidade brasileira e o mundo real precisa, portanto, ser encurtada. É fundamental que cada vez mais se estabeleçam parcerias com as empresas privadas para pesquisa e haja uma interface entre as instituições de ensino e organismos de pesquisa, sejam públicos ou privados. Pesquisa, aliás, deveria ser uma obsessão de dirigentes, estudantes e professores das universidades brasileiras, as quais deveriam fazer de estudos científicos recorrentes um instrumento corriqueiro do aprendizado do seu corpo discente.

Por isso, é sumamente importante focar na qualidade dos cursos oferecidos, criando, sim, privilégios baseados na meritocracia: ganha mais quem rende mais. Cursos com melhores desempenhos no ensino, pesquisa e extensão precisam receber mais recursos públicos e as universidades devem criar meios de atrair para dentro delas o capital privado que vai financiar os melhores projetos de pesquisa e extensão. É isso ou
a condenação eterna à mediocridade.

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