segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Escassez de água e de ação


A falta de água volta a apresentar-se como um drama para os moradores de dezenas de cidades do Piauí, sobretudo do semiárido e, neste espaço geográfico, notadamente no chamado cristalino - onde falta água no solo e no subsolo.

Há que se dizer, no entanto, que estamos assistindo a uma escassez de água em um ano que registrou grandes volumes de chuvas, inclusive com danos pelo excesso de água em municípios da caatinga.

Registre-se que 2011 está até menos problemático quando se trata de abastecimento de água. No ano passado, já em maio, 170 cidades do Piauí estavam vivendo a falta de água, o que obrigou à decretação de
situação de emergência em boa parte delas – e a garantia de recursos para atender às pessoas que se viram sem água.

Neste contexto, pode-se dizer que a falta de água em pleno século 21 não é algo que se possa atribuir apenas à estiagem ou à má distribuição temporal ou espacial das chuvas. Em verdade, o que podemos admitir claramente é a ausência de obras hídricas bem projetadas e adequadamente construídas, bem assim um gerenciamento ruim ou mesmo inexistente para os recursos hídricos.

Pela recorrência dos problemas de abastecimento de água no interior do Piauí – no semiárido, principalmente – podem ser considerados vãos os esforços de governo para tentar solucioná-los. Mais ainda: é necessário atentar para o imperativo de o poder público e seus agentes serem mais diligentes nos investimentos, para evitar que obras hídricas se tornem monumentos à inutilidade.

Há dezenas, possivelmente centenas de obras hídricas no Piauí, de todos os portes, que para nada serviram ou servem, seja por desídia, seja por coisa pior que o inaceitável descuido com a coisa pública. Na condição de obras que não resolveram o problema para as quais foram pensadas e feitas podem ser incluídos empreendimentos públicos de grande monta, como a adutora do Garrincho, anunciada como solução definitiva para a secular escassez de água em São Raimundo Nonato e municípios em seu entorno.  

Há ainda exemplos de obras hídricas menores, mas não menos importantes, como dois sistemas adutores feitos em Pio IX, a do Jerimum e da Serra, que nunca cumpriram seu papel de garantir o abastecimento dos 5.291 residentes na zona urbana do município. Poder-se-iam citar muitos outros exemplos de obras hídricas cuja execução malfeita, erros de projeto ou ainda desvios de recursos resultaram na sua completa inutilidade. Contudo, melhor e mais importante que chorar pelo leite derramado ou pela água não produzida, é agir para que as soluções dos problemas hídricos deixem o campo das intenções ou das obras inúteis.

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