terça-feira, 18 de outubro de 2011

Descompromisso familiar


A notícia nem chegou a causar espanto: pai mata o filho durante discussão na Santa Maria da Codipi, bairro da zona Norte de Teresina. O episódio lamentável é apenas mais um entre tantos corriqueiros fatos de brigas, agressões e até homicídios no seio de famílias – em todas as camadas sociais, que se configura naquilo que alguns estudiosos chamam acertadamente de descompromisso familiar.



Esse fenômeno social ou sociológico precisa ser mais estudado, compreendido e combatido, porque a  esagregação da família, bem como a falta de compromisso dela com a educação dos filhos, um dos elementos mais poderosos na expansão de doenças sociais do nosso tempo, tem em seu topo uma epidemia chamada crack, que alimenta o crime de pequena monta e concorre para desagregar cada vez mais as famílias.


Está claro que o dever de criar um ambiente em que as famílias assumam mais as suas responsabilidades não pode nem deve ser uma obrigação do Estado. Aliás, no Brasil é preciso se combater a ideia de que cabe ao Estado tutelar as pessoas. Isso criou a ilusão de que o Estado pode resolver todos os problemas das pessoas, mesmo aqueles que dependem mais delas. Não pode haver coisa mais falsa. O Estado não existe para resolver todos os problemas e conflitos – os de famílias, por exemplo, não são resolvíveis senão
pela ação da própria família.


É claro que o poder público poderá em algum momento agir para estimular a melhoria das relações familiares e o compromisso das famílias com crianças e idosos, vítimas mais frequentes de abandono. Porém, o papel de melhorar o bem-estar das pessoas pelo fortalecimento da família é uma tarefa pessoal, que não pode ser transferida para terceiros.


Teremos uma sociedade menos doente, menos dependente de drogas, menos voltada a consumos imediatos quando pais, mães e maiores responsáveis por crianças e jovens se preocuparem incessantemente em incutir valores positivos aos mais novos. Sem isso, é assistir à banalização de notícias sobre filhos e pais que se agridem como se isso fosse algo socialmente normal.





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